sábado, junho 10, 2006

O FIM DO FUTEBOL


O Futebol, aquele que é jogado num campo com onze jogadores de cada lado, já não existe. É, de tudo o que se chama hoje futebol o que menos interessa. Não falo só pelo actual Mundial da Alemanha. Há muito que os jornais desportivos se interessam por tudo menos o futebol em si. O que tem interessado os ditos jornais desportivos são as transferências (o mercado de transferências, como se fossem jornais de economia), as polémicas que envolvem dirigentes, treinadores e jogadores. E também não desprezam as sempre polémicas arbitragens - todas as arbitragens são polémicas. Também as revistas cor-de-rosa viram, ultimamente, nas histórias amorosas entre futebolistas e vedetas de televisão uma receita certeira para alargar o seu público. A televisão seguiu-lhes o caminho, ou ao contrário, percebendo que o futebol também interessa às mulheres, criou em volta dos jogos toda uma série de espectáculos. Não é o jogo que interessa mas o antes do jogo e o depois do jogo, a envolvente do jogo, do campeonato. É assim no Mundial da Alemanha, mas intensificado até à náusea.
Aquilo que se pode chamar a beleza do futebol é algo acessório. Os jogos de futebol são acessórios, onde predomina uma lentidão que não se coaduna com a actual voragem das imagens televisivas (a rapidez dos planos). O futebol entrou na era do espectáculo, na Sociedade do Espectáculo como foi definida por Guy Debord: "tudo o que era directamente vivido se afastou numa representação". Assim é com o futebol, esse jogo da nossa infância, agora rodeado de todo um discurso vazio (veja-se as conferências de imprensa dos treinadores, jogadores e dirigentes, a avidez com que os jornalistas as seguem como se dali fossem sair as palavras que salvam o mundo). Nada escapa ao comentário que inaugura o vazio sobre o indizível da experiência (e isto não se aplica apenas ao futebol).



1 comentário:

Anónimo disse...

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