segunda-feira, julho 28, 2008

O GRANDE SILÊNCIO PELAS VÍTIMAS DO COMUNISMO


Leio a introdução de José Pacheco Pereira à obra de Marx, editada na colecção "os grandes filósofos", e reparo que JPP se esqueceu de uma das mais importantes consequências do pensamento de Marx: as inúmeras, incontáveis (?) vitimas dos regimes comunistas por todo o mundo. Na União Soviética, com o Gulag que provocou milhões de mortos, certamente mais que o número de mortos vitimados pelo Holocausto, mas também nos restantes países da Europa de leste comunista; nas inumeráveis guerras em África onde após as independências se confrontavam guerrilhas pró soviéticas contra guerrilhas pró americanas (veja-se o caso de Angola ou Moçambique); na china de Mao Tsé-Tung (ou Mao Zedong) com a sua Revolução Cultural; no Cambodja do sanguinário Pol Pot …. O rol de pulhas que encarceraram, torturaram e mataram em nome do fim da exploração do homem pelo homem, de uma sociedade mais justa, sem classes, e de outros ideais tão nobres é extenso. Tão extenso como secreto. Como se o facto de serem sanguinários marxistas os tornasse menos sanguinários, menos criminosos, porque bem vistas as coisas esses monstros como o camarada Estaline ou Ceausescu apenas buscavam a felicidade do Homem na terra.
Espanta-me toda essa condescendência para com os carniceiros comunistas e espanta-me, também, que aqueles que de certo modo os representam assobiem para o lado como se nada se tivesse passado. Está neste caso o PCP. O Partido Comunista Português tem, pela sua base de apoio, uma importância sociológica mas também política, uma vez que não pode alcançar o poder (sendo assim um partido benévolo). No entanto, o partido vive autista perante a derrota política do comunismo no mundo, bem como perante as atrocidades cometidas pelos regimes comunistas, actuando internamente como se fosse um pequeno PCUS (o finado Partido Comunista da União Soviética), expulsando os membros que colocam em causa a orientação do comité central. Mas o que espanta é que os dirigentes do PCP não façam um mea culpa pelos horrores do comunismo. Podem dizer que não têm nada que ver com isso, mas têm, pelo menos pela ligação estreita que existiu entre o PCP e o PCUS e outros partidos e organizações comunistas (ainda hoje as FARC estão presentes na festa do Avante).
No fundo, é como se todos aqueles milhões de mortos fossem justificáveis por uma razão maior (o materialismo científico). Mas nem essa razão maior existe, nem – se acaso existisse – justificaria tantas e tantas vítimas. Quanto ao capitalismo, esse só ganhou com a barbárie marxista.

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