terça-feira, janeiro 18, 2011

BASTA


Aníbal Silva, mais conhecido como Cavaco, esteve no poder durante mais de 16 anos. Primeiro como ministro das finanças num governo da AD; depois dez anos, entre 1985 e 1995, como primeiro-ministro, e, finalmente, nos últimos cinco anos como presidente da república. Agora prepara-se para continuar mais cinco anos no poder, se como indicam as sondagens, for reeleito. É altura de dizer Basta. Nunca um político depois do 25 de Abril esteve tanto tempo no poder. Mário Soares que foi por duas vezes primeiro-ministro e outras duas presidente, não deve contabilizar 15 anos. E, no entanto, Soares – como Manuel Alegre – foi sempre um político. E isto faz toda a diferença – ser político, entender o que é a política, algo que herdamos dos gregos antigos. Aníbal Silva tem sido um pára-quedista, um oportunista que aparece apenas para ocupar o poder. Foi assim em 1985 quando aproveitou o desgaste do PS e a entrada de Portugal na então CEE. Qualquer governo que detivesse o poder nesses anos tinha condições para ter sucesso; afinal Portugal voltava a ter dinheiro com as avultadas ajudas de Bruxelas. Mas seria de exigir muito mais que gastar dinheiro na construção de auto-estradas, e Aníbal só soube gastar o dinheiro que caia do céu. Vinte e cinco anos depois (15 depois do fim do governo Cavaco) Portugal continua a ser um dos países mais pobres da União Europeia, que hoje conta com 27 países membros. Ou seja, estamos hoje ao nível de países que saíram de ditaduras comunistas.
Os cinco anos da presidência de Aníbal Cavaco Silva, que têm andado esquecidos do debate desta campanha, foram desastrosos. Comunicações ao país sobre assuntos menores, discursos incongruentes, vetos hesitantes. Mas o mais grave é que um professor catedrático de economia, ao mesmo tempo que é presidente da república, tenha deixado que Portugal seja alvo da ganância dos ditos mercados financeiros. Acresce um pormenor que não é de somenos: Aníbal Cavaco Silva é autor de uma brochura de 25 páginas, entre outros livros de economia, intitulada Os Efeitos Macroeconómicos dos Défices Orçamentais Financiados por Dívida Pública (1986) e outra com o significativo título em inglês de Economic Effects of Public Debt . Ele, deve ser a pessoa melhor preparada em Portugal para evitar a situação em que o país se encontra. Se, nas suas várias passagens pelo poder não fez nada é porque não quis. Porque, no fundo, Cavaco pertence a uma elite que tem um imenso desprezo pelo país onde nasceu e pelas suas pessoas. Essa elite que estudou em Inglaterra ou nos EUA as melhores formas de controlar as populações. Essa elite, com Cavaco à cabeça, o que mais deseja por estes dias é rever os seus colegas do FMI.

(A imagem foi retirada do blogue de João Branco, Entre o nada e o Infinito)

2 comentários:

João Branco disse...

Caro amigo,

Retribuo a entrada com a colocação do link do seu blog na minha barra de favoritos.

Abraço e disponha sempre!

ASM disse...

Agradeço. Já tenho seu blogue nos meus favoritos