Está um rapaz a arder
em cima do muro,
as mãos apaziguadas.
Arde indiferente à neve que o encharca.
Outros foram capazes
de lhe sabotar o corpo,
archote glaciar.
Nunca ninguém apagou esse lume.
*
As coisas são como são.
Sempre haverá uma mão senhora de exemplar
desprendimento, atenta ao sufoco
e à desoloção da alma.
Assim foi, por socalcos de tabaco,
o enredodos caminhos, ardente magia.
Pouco importa saber
que toda a paisagem mente.
Eduardo Pitta, Desobediência - Poemas escolhidos, Dom Quixote, Lisboa, 2011, pp. 147 e 173.
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