sábado, agosto 03, 2013

EI-LOS QUE PARTEM

Em finais de outubro de 2011, estava ainda o governo PSD/CDS a preparar com a troika o processo de destruição nacional exigido pelos todo poderosos deuses Mercados, o secretário de Estado da juventude e desporto afimou que "Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras". Era o primeiro convite do governo à emigração, que seria, pouco mais tarde, renovado pelo primeiro-ministro. Hoje, e comparando a emigração actual com a de antes do 25 de Abril, os resultados são catastróficos: em 1973 Portugal teria 79.517 emigrantes, em 2011 esse número quase duplica: 121.418 emigrantes, dos quais 51.958 permanentes e 69.460 temporários (números recolhidos na edição do Expresso de 03-08-13, caderno principal, p.21). Ora, segundo o secretário de Estado das Comunidades afirmou em janeiro deste ano, nos últimos dois anos teriam emigrado 200 mil pessoas desmentindo os dados do INE que apontavam para números muito mais baixos. Curiosa esta atitude de um governante. Seria de esperar do secretário de Estado que encobrisse os números da emigração. Não o fez, embora os números reais, contando com a emigração clandestina devam de ser superiores. Na realidade o que este governo fez nos últimos dois anos foi criar todas as condições para o aumento exponencial da emigração, colocando-a a níveis superiores ao do Estado Novo. Emigram os melhores e os mais jovens. Pelo que já foi exposto, parece que o governo tem um estranho orgulho nisso. Não nos devemos espantar com isso: o objectivo deste governo é destruir um país. Ora, tanto o aumento do desemprego, o empobrecimento, como a consequente necessidade de emigrar, fazem parte das metas para conseguir o pior para Portugal. São essas metas que agradam à troika e a frau Merkel e não a redução do défice - para um número que todos (governo, troika, Alemanha, mercados) sabem que não é possível atingir. Possível é atingir em cheio a vida das pessoas, levá-las à pobreza, à humilhação, à separação, à infelicidade. Ao fazer com que alguns dos mais capazes emigrem, em condições de grande precariedade, muitas vezes clandestinamente, como no tempo do Estado Novo, esta canalha esta a preparar as condições para que Portugal se torne numa pequena China. E quanto aos emigrantes portugueses não os espera um paraíso sonhado, quer seja na Alemanha, na Suíça, em Angola ou no Brasil. Resta-nos este fado que não conseguimos quebrar enquanto não agirmos politicamente - única forma de mudarmos a nossa vida em comunidade, isto é, como cidadãos de uma nação.
Em cima o vídeo onde Manuel Freire interpreta a canção "Ei-los que partem", no programa Sabadabadu (inícios dos anos 1980 do século passado).

quinta-feira, agosto 01, 2013

O NOVO MANDELA É UM CÃO



Enquanto Nelson Mandela, uma referência mundial nos direitos humanos, luta pela vida num hospital de Joanesburgo, em Portugal assistimos à estúpida situação de um cão que matou uma criança ser elevado ao estatuto de novo Mandela. “Vamos chamá-lo Mandela,porque tal como o líder sul-africano este cão também é um símbolo de liberdade.Esteve preso sete meses sem saber porquê, tal como Mandela esteve preso mais deduas décadas”. Foi com este desplante de demente que a dirigente da AssociaçãoAnimal, Rita Silva, comentou a “libertação” do pitbull que há uns meses esmagou o crânio de uma criança. Repare-se na enormidade destas afirmações: Rita Silva compara um cão assassino a um dirigente que transformou a política racista de um país e é um símbolo da liberdade e da luta pelos direitos humanos. Será que Rita Silva e a Associação Animal são uma corja de racistas e estas declarações pretendem atingir Nelson Mandela? Ou será que estas declarações, insanas, revelam que para a Animal a vida de um cão tem mais valor que uma vida humana, e consequentemente, como esteve preso sete meses, o cão assassino de um bebé tornou-se “num símbolo” da libertação animal, assim como Mandela foi um símbolo da libertação dos negros sul-africanos? Portanto, se tivermos em conta esta última hipótese a Associação Animal – e não só – defende a supremacia da vida animal sobre a vida humana. Nada disto é completamente estranho se tivermos em conta o “pensamento” de um tal Peter Singer. Mas estas declarações e atitudes devem ser combatidas com toda a veemência. A Animal e a sua dirigente devem merecer o mesmo tratamento e repudio que os talibãs merecem. Porque é disso que se trata: fundamentalistas que pretendem subjugar os humanos já não aos deuses mas aos animais.