segunda-feira, novembro 04, 2013

A POLÍTICA DO MAL



Muitas vezes o Mal se manifestou na História da Humanidade – refiro-me ao mal que tem por origem acções humanas. O Holocausto e o Gulag foram formas extremas da manifestação desse Mal. Os tempos que atravessamos, em Portugal e noutros países do sul da Europa, não podem ser comparados a esse Mal extremo. Mas um mal a que H. Arendt chamou “banalidade do mal”, conceito discutível, que a pensadora judia aplicou como forma de explicar o Mal do Holocausto, parece retornar.
As políticas e as figuras que têm governado Portugal nos últimos dois anos, encaixam-se nessa “banalidade do mal” pela sua mesquinhez, estupidez e incompetência. A acrescentar a essas figuras nacionais, e encontrando-se Portugal sob resgate, devemos acrescentar a figura de Angela Merkel, que ressuscita numa pequena escala o Mal alemão.
Vivemos sob uma política do mal, de uma banalidade do mal, não no sentido que H. Arendt deu a essa expressão como explicação do nazismo, mas no simples sentido comum com que percebemos esta expressão. O desemprego, o empobrecimento, o rendimento zero, a emigração, a perda da casa que não pode continuar a ser paga ao banco, a fome – tudo isto tem milhões de rostos por detrás com a sua história própria, as marcas de um sofrimento. Para os executores das políticas que levam os portugueses e outros povos europeus a estas situações, existe a desculpa de não haver alternativa, de serem políticas necessárias para que os mercados voltem a confiar em nós. De facto, com os executores destas políticas não há alternativa, porque este é um projecto ideológico, que corresponde a um desprezo pela vida  das pessoas.