sexta-feira, janeiro 17, 2014

AREIA PARA OS OLHOS



Nos anos 80 reivindicavam o direito à diferença. Ainda a polícia psiquiátrica não tinha chegado completamente a acordo para retirar a homossexualidade dos seus manuais. Depois vieram as fantasias (sexuais) das feministas transformadas em teorias, os gay studies, os queer studies invadindo as universidades. A ordem não era só para sair do armário – era também criar algo a que se chamou, do outro lado da barricada, “agenda gay”. Os gays passavam a imitar os casais heterossexuais, mostravam a sua ternura para a televisão como arma de arremesso. Era, é ainda e cada vez mais, o supremo do kitsch. Numa altura em que os casais hétero se divorciam, eles querem casar e ser mamã e mamã, papá e papá de uma criança raptada legalmente por uma assistente social. E têm o direito de fazê-lo. Não é por ai que anda o problema. O problema começa na forma acirrada, na imitação histérico-fundamentalista de um talibã quando acedem ao chamado espaço público. E são apenas uma minoria dentro de outra minoria, além das tais feministas, aparentemente heterossexuais, as mais histéricas. Ora, numa altura em que se iniciou uma campanha, que além de eleitoral, tenta provar que este neo-liberalismo criminoso é mesmo a receita triunfante, que melhor coelho podiam os consultores de comunicação do PSD tirar da cartola que um referendo que metesse homossexuais e as suas madrinhas ao barulho? E já se sabe: do outro lado vão estar os ratos de sacristia, as famílias numerosas em nome de Deus, etc. Tudo isto já foi visto em programas de televisão com bastante audiência e peixeirada. Foi uma ideia genial (adopta, não adopta); já passou na Assembleia da República, agora falta o parecer do Tribunal Constitucional e do Aníbal. Se conseguir passar estes dois obstáculos, o referendo vai embalar o bom e manso povo português até à troika se ir embora.