sexta-feira, julho 10, 2015

O "OXI" GREGO E A POLÍTICA EUROPEIA



Ao dizer “Não” no referendo do passado domingo, os gregos disseram claramente não (oxi) às políticas de austeridade impostas desde há cinco anos pela troika. Foi um não corajoso, porque as suas consequências podem ser a saída da Grécia do Euro, com os inevitáveis efeitos para a Grécia mas também para a restante Europa. Possivelmente já no próximo domingo haverá quanto a isso uma decisão dos países do eurogrupo – será que eles preferem cortar um dedo, sem saber quais as consequências, para extirpar o mal fantasmático do Syriza alegadamente comunista? (na verdade o Syriza sendo uma “coligação” de várias facções de esquerda, não é o Partido Comunista ortodoxo, como o PCP em Portugal – existe na Grécia um partido comunista ortodoxo, o KKE).
O “efeito Syriza” trouxe democracia à União Europeia, o mesmo é dizer que trouxe uma dura dor de cabeça aos tecnocratas europeus habituados a lidarem com governos dóceis, como o português. Ora este “efeito Syriza” não funciona sozinho – viu-se nos últimos meses a falta que fez ao governo de Tsipras um aliado, como o Podemos espanhol. Perante a falta de democracia nas instituições europeias e perante a conivência dos partidos sociais-democratas/socialistas com essa ausência de democracia, faz falta uma nova esquerda de que o espanhol Podemos é o mais significativo – e assustador exemplo para o centro direita e centro esquerda.
Perante isto, e aconteça o que acontecer nas próximas semanas em relação à crise grega, algo já mudou com a vitória do Syriza em Janeiro passado. Falta que os cidadãos europeus ganhem confiança nos partidos de esquerda europeus. Mas essa é uma tarefa muito difícil: não só pela divisão existente entre estes partidos e movimentos, mas sobretudo porque os meios de comunicação social têm privilegiado os partidos do statuo quo em detrimento de outros actores políticos – veja-se quem são os comentadores políticos da televisão portuguesa em sinal aberto.
A Europa foi construída por uma elite – primeiro uma elite de políticos, depois uma “elite” de tecnocratas acéfalos e obedientes, comandados pelos altos interesses empresariais e financeiros. É, portanto, uma Europa feita pelo telhado, contra o povo que deveria ser a base desta construção. Ora isso só pode ser resolvido através de uma nova esquerda, e de uma nova política, que represente realmente os cidadãos europeus.

1 comentário:

Ricardo Souto Morano disse...

Boa reflexión do acontecido e tamén do que pode acontecer pero que depende do roular do pobo no enfrontamento con os baluartes do capital europeo e mundial que ten os gobernos amarrado no capital que é do pobo, que foi e é xenerado coa plus-valia ao traveso do tempo coa sua suor e sangue, parabéns meu amigo.