Nunca ninguém mentiu tanto na
política portuguesa como Passos Coelho e o seu governo. Nunca ninguém, depois
do 25 de Abril, prejudicou tanto os portugueses como o governo liderado por
Passos Coelho. E, no entanto, as chamadas sondagens, sem valor científico que a
RTP e TVI apresentam diariamente dão uma vantagem à coligação. Creio que estas
sondagens se enquadram também na mentira, a grande mentira que tem sido este
governo PSD/CDS. Veja-se que estas “sondagens” são feitas telefonando para casa
de pessoas com telefone fixo. No entanto, outra sondagem apresentada pelo
Expresso/SIC dava um empate técnico entre PaF e PS. E isso é grave. É grave que
depois de quatro anos de destruição de um país ainda existam pessoas que vão na
grande mentira mediática, no grande conto do vigário, de quem fez tudo para que
Portugal fosse forçado a pedir um empréstimo à troika; de quem foi além das
medidas da troika, de quem tem os cofres cheios num país empobrecido que vai
sobrevivendo, como pode, à custa da baixa de alguns produtos. É grave, muito
grave, se no próximo domingo, Passos & Portas (e Vítor Gaspar e Miguel
Relvas – ainda se lembram deles?), os grandes mentirosos, os responsáveis pela
saída do país de cerca de meio milhão de pessoas, os que queriam roubar aos
trabalhadores para dar aos empresários (lembram-se da TSU?), os do “aumento
colossal de impostos” (onde anda Vítor Gaspar?), os que governaram sempre
contra a Constituição, os que privatizaram tudo o que havia para privatizar, os
que cortaram pensões, 13º mês e subsídio de férias, os que se vergaram perante
o poder despótico da Alemanha, enfim os que tudo fizeram para que os portugueses
sofressem, ganhassem agora as eleições. É certo que uma vitória da coligação a
ocorrer será por minoria e é a esquerda que terá maioria na Assembleia da
República. Mas será que os portugueses são masoquistas? Gostam de ser roubados
nos seus salários ou outros rendimentos por impostos colossais e injustos? Ou
será que as mensagens passadas nas televisões pelos comentadores (comendadores)
mor Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa, e por outros em vários jornais do
Correio da Manhã ao Expresso conseguiram fazer passar a grande mentira? É certo
que António Costa depois de tanto entusiasmo se revelou uma decepção. O líder
socialista pouco promete alterar às políticas que PSD / CDS impuseram aos
portugueses. Como decepar a deusa Austeridade? Como governar contra a
austeridade concordando com o tratado orçamental que nos impõe um défice que
não podemos cumprir? Como governar com uma dívida de 130 por cento sem a
renegociar? A isto Costa passa ao lado. Mas se o PS não se revela uma
alternativa à política de austeridade que graça pela Europa do sul, a mando da
Europa protestante do norte, destruindo vidas, isso não quer dizer que se vá
votar nos bandidos políticos da PaF. Há pelo menos 16 outras alternativas, para
além da abstenção e do voto nulo ou branco. Então, o que se passa? Como é isto
possível? Nem o rotativismo político parece funcionar. Esperemos pelo bom
senso, contra a grande mentira de Passos Coelho e dos que lhe obedecem.
domingo, setembro 27, 2015
terça-feira, setembro 22, 2015
VÍTOR SILVA TAVARES (1937-2015)
Vítor Silva Tavares era um dos
últimos editores portugueses. Talvez aquele que representasse, ainda, o que era
um editor – uma espécie em sérias vias de extinção, perante a lógica mercantil
que preside à edição como qualquer produto de super-mercado. VST editou, ao
longo de mais de quarenta, anos autores como Herberto Herder, Gastão Cruz,
Fiama, Alberto Pimenta ou os mais recentes Adília Lopes, Manuel de Freitas,
José Miguel Silva, mas também autores quase desconhecidos. Numa entrevista
assume ter editado um autor para evitar um suicídio, colocando muito
naturalmente a vida à frente da arte. Ficou ligado, indissoluvelmente, à &
etc, a editora onde os livros tinham um tratamento gráfico especial. Vítor
Silva Tavares (e a & etc) era mais que um editor marginal ou maldito. É
certo a sua preferência pela edição de autores ligados a uma estética
surrealista ou provocadora – e tudo isso fazia parte do seu programa de vida e
edição. Mas a riqueza do catálogo da & etc é enorme. Preferiu a poesia ou a
prosa dos poetas, por vezes também o ensaio, a tradução – tudo num esmero único,
onde não faltava a colaboração de alguns dos principais artistas gráficos. Nos
últimos tempos foi-lhe dado algum reconhecimento: documentários que circulam
pela net, um livro sobre a & etc. Ele próprio, depois de publicar tantos
poetas, publicou os seus versos numa pequena e artesanal editora do Porto, a 50
kg, "Púsias". Deixa um exemplo que se foi renovando noutras pequenas editoras.
domingo, setembro 13, 2015
JOÃO RUI DE SOUSA
MOTU CONTINUO
a minha vida dança sobre esferas
por esferas que vão ao infinito
o infinito cai a prumo em nada
no ar que me pesa que respiro
respiro o mar o sol a sombra a casa
cada acordar diurno das raízes
as raízes seguram a terra
a terra é onde durmo e onde vivo
DÍSTICO
põe ordem no desejo
repousa cegamente como um navio em chamas
João Rui de Sousa, Meditação em Samos, Galeria Panorama, s/d, pp. 20 e 23
a minha vida dança sobre esferas
por esferas que vão ao infinito
o infinito cai a prumo em nada
no ar que me pesa que respiro
respiro o mar o sol a sombra a casa
cada acordar diurno das raízes
as raízes seguram a terra
a terra é onde durmo e onde vivo
DÍSTICO
põe ordem no desejo
repousa cegamente como um navio em chamas
João Rui de Sousa, Meditação em Samos, Galeria Panorama, s/d, pp. 20 e 23
domingo, setembro 06, 2015
OS JORNALISTAS AO SERVIÇO DO PODER BIPARTIDÁRIO
Pela
primeira vez a as três televisões em sinal aberto, SIC, TVI e RTP, chegaram a
um acordo para realizar e emitir o que chamam o debate decisivo entre António
Costa e Passos Coelho. O debate vai ser emitido na próxima quarta-feira a
partir das 20h30 com moderação de três jornalistas das estações que organizam
esse debate, nas três estações generalistas em simultâneo, podendo por isso ter
uma audiência recorde. É o modelo norte-americano, mas num só debate. Quanto ao
resto, aos outros partidos com assento parlamentar (BE e CDU) e aqueles que
emergem nas sondagens como podendo obter um ou mais lugares no futuro
parlamento, e ainda todos os outros partidos concorrentes a estas eleições,
quanto a esse resto isso não interessa nada.
Ora esta
falta de respeito pelas regras democráticas dura há quase 40 anos – por isso os
partidos do chamado “arco da governação” são só três, precisamente os que
estarão no debate dito decisivo do próximo dia 9. Isto não é de agora, mas
nestas eleições em que o eleitorado está cansado dos partidos do “arco da
governação” a situação tomou um grande despudor com este único debate para uma
audiência máxima. Há que guiar o rebanho para votar ou na coligação PSD/CDS ou
no PS. E para isso os jornalistas, os directores de informação, estão ao
serviço do poder. Há que evitar as ameaças que representam novos partidos como
o de Marinho Pinto, que nas últimas eleições europeias concorrendo pelo obscuro
MPT conseguiu dois lugares no parlamento europeu, o que caso se tratasse de
legislativas corresponderia a um razoável grupo parlamentar. Da mesma forma há
que evitar que o Livre/Tempo de Avançar obtenha uma representação parlamentar.
Com um jeitinho dos serviçais jornalistas e comentadores para atestar qual o
vencedor, ainda um dos partidos consegue a maioria absoluta como quer o
presidente Cavaco. Assim o povo seja cordato e fiel como um cão aos donos do
poder.
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