quinta-feira, junho 30, 2016

VASCO GONÇALVES

 
É verdade que, em toda a nossa história, houve sempre portugueses que, por espírito mesquinho de classe, estiveram de cócoras diante do estrangeiro, prontos a sacrificarem  os interesses da Pátria a interesses não-nacionais. Todos nós conhecemos os nomes de tais homens, e execrámo-los. Durante séculos e séculos, como bicho dentro da maçã, o partido castelhano corrompeu e desfibrou o País até levar aos opróbios de 1580; mais perto de nós, foram os integralistas (ora de imitação francesa, ora de figurino germanófilo e nazi) que se entregaram à mesma tarefa. Hoje, erguem-se vozes a cantar loas à Europa - não à Europa dos trabalhadores, claro, mas à Europa dos monopólios e das sociedades multinacionais. Ontem, houve quem servisse Castela contra a arraia miúda; hoje há quem há quem deseje colocar as classes laboriosas portuguesas na situação de fogueiros da fornalha da Europa capitalista...

Vasco Gonçalves, excerto de discurso de 18 de Agosto de 1975 em Almada (era então primeiro-ministro), in Exortação aos Poetas, col. Memória Perecível, da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 2015, p. 39

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