quarta-feira, maio 31, 2017

FRANÇA: DEMOCRACIA EM ESTADO DE SÍTIO


Resultado de imagem para bandeira francesa rasgada       Desde o ataque terrorista de Novembro de 2015 que a França está sob estado de emergência. O estado de emergência foi prolongado por cinco vezes pelo presidente Hollande. Agora, o novo presidente francês, Emmanuel Macron, prepara-se para pedir ao parlamento o prolongamento do estado de emergência pela sexta vez. A França está há mais de 18 meses em estado de emergência, o que condiciona gravemente a democracia francesa. Ontem, a Amnistia Internacional divulgou um relatório onde aponta o uso político do estado de emergência: “medidas de emergência destinadas a proteger o povo francês da ameaça do terrorismo estão, em vez disso, a ser usadas para restringir o seu direito de protestar pacificamente", lê-se no relatório da Amnistia Internacional (AI).
Tudo isto é demasiado grave. E, no entanto, com excepção de um ou outro órgão de comunicação social (Lusa, DN, TSF, Antena 1), este relatório da AI passou ao lado da agenda dos meios de comunicação social (como se estes precisassem do relatório da AI para fazer o seu trabalho). Durante a campanha e durante as eleições, a França estava sob estado de emergência, e esse facto, aparentemente simbólico, foi escamoteado pelos média. O perigo, nas eleições presidenciais francesas, segundo os comentadores, residia em Marine Le Pen e Jean-Luc Melonchon, nos extremos da direita e da esquerda, respectivamente. Mas o perigo, para a democracia, não está só na fascista, xenófoba e racista Marine Le Pen, também está no centro, em Hollande e agora em Macron.
Custa ver como um país de tradições democráticas e de protesto como a França, tem vivido em estado de sítio, como se se tratasse de uma república da América Latina. Mas não, é a França, no centro da Europa civilizada; a França dos grandes movimentos artísticos do século XX, a França da Comuna, a França do Maio de 68, e é certo, a França que cedeu à ocupação nazi, mas também a outra França que resistiu a essa ocupação.
A França laica, a França da “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, cede ao terrorismo radical islâmico. Pior: os seus medíocres e mesquinhos políticos aproveitam-se de um ataque terrorista para fazer o que os terroristas querem: aniquilar a democracia. Que democracia resta nesta França em estado de emergência há mais de ano e meio? Que França resta com a democracia sitiada?