quinta-feira, agosto 31, 2017

A ESQUERDA QUE TEMOS



 
O governo de António Costa, com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda é algo de inédito na política portuguesa. O resultado pelo menos a nível económico tem sido bom. Mas isso, por agora, não tem sido suficiente para reverter o que quatro anos de um governo de destruição nacional fizeram aos portugueses. A reversão das medidas do anterior governo, principalmente “o colossal aumento de impostos” ainda está longe de ser revertido. Espera-se pelo próximo Orçamento de Estado, que para já promete aliviar a carga fiscal de 1,6 milhões de famílias em 5 milhões. É pouco.
O desemprego desceu, é certo. E a confirmá-lo basta ver os anúncios de emprego (do Jornal de Notícias ao Linked In), mas trata-se de um novo tipo de emprego, criado com a crise, baseado na precaridade, nuns dias à experiência, num trabalho por vezes escravo, principalmente para pessoas com mais de 40 anos e já há alguns anos sem trabalho. O pior de tudo isto são os quase meio milhão de pessoas que não têm qualquer rendimento, ou mesmo os que têm 200 euros de RSI – uma miséria, uma indignidade do Estado para com estas pessoas.
Tudo isto, e muito mais – como a renegociação da dívida que o PCP e o BE tanto apregoavam quando estavam na oposição –, ficou silenciado face à “real politique” de um governo PS apoiado pelos restantes partidos de esquerda com representação parlamentar.   
O problema surge aqui: BE e PCP estão reféns da geringonça, fazem quase parte do governo. E perante isto impõem-se uma pergunta: onde está a oposição de esquerda a este governo de esquerda? BE e PCP fazem uma oposição negocial, é uma oposição muito limitada. O problema surge quando fora do quadro parlamentar os pequenos partidos só existem quando há eleições legislativas. Assim, não é possível uma crítica da esquerda a esta esquerda, e essa crítica faz falta.

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