sexta-feira, agosto 31, 2018

MARINE LE PEN E A WEB SUMMIT

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Uma das polémicas levantadas neste mês recordista de temperaturas, foi o convite e desconvite a Marine Le Pen para participar na Web Summit. A questão é complexa e está para além deste convite. Mas parece evidente que não se deve convidar alguém da extrema-direita para discursar seja onde for. Portanto, há uma primeira questão: porque foi endereçado este convite a Marine Le Pen por parte da organização da Web Summit? A resposta não surgiu, porque, creio, nem sequer foi colocada. Mas devia. É que nestes tempos onde se desenha o futuro pós-humano, o futuro – que é já presente – com a Inteligência Artificial, com empresas como o Facebook, a Google ou a Uber, questionar a organização da Web Summit pode parecer algo de sacrílego, como se na Idade Média alguém questionasse a existência de Deus.
Sendo Marine Le Pen a líder de um partido de características fascistas, portanto totalitárias, confesso que gostaria de saber o que realmente esta senhora pensa das novas tecnologias. Isto não quer dizer que numa eventual participação de Le Pen na Web Summit esperasse ouvir a verdade. A verdade sobre o uso do poder político (totalitário) sobre as novas tecnologias vai sendo desvendada na China, onde, para já, se sabe que a policia recorre a scanners para “ler” o conteúdo dos telemóveis de qualquer pessoa. E, neste sinistro estado Chinês, isto parece ser só o começo de uma situação que quase ultrapassa o big brother orwelliano.
Isto vem lembrar que a questão essencial, hoje, não é tanto entre dar a palavra a uma líder de um partido fascista ou censura-la, mas entre estarmos conscientes das implicações das novas tecnologias para a vida de todos nós ou não estarmos conscientes dessas implicações. Porque mesmo nas sociedades democráticas, existe um poder que se faz de algoritmos, ao qual estamos cada vez mais umbilicalmente ligados.

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