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sábado, maio 17, 2014

OS VAMPIROS



A passagem dos três ladrões da troika por Portugal foi o pior que aconteceu a Portugal depois da ditadura de Salazar. E quem trouxe a troika foi Passos Coelho - lembram-se do PEC 4, quando não só a direita mas também o PCP e o BE votaram, irresponsavelmente, contra Sócrates? Sim, foi Passos e Teixeira dos Santos, e não Sócrates que fez tudo para evitar que a troika viesse, até ser traído pelo seu ministro das finanças, quem abriu a porta aos vampiros. Há três anos havia tanta gente a desejar a entrada dos bandidos da troika Portugal adentro. Eles eram a garantia de uma política de destruição. Agora a troika foi embora, mas a política de destruição, de empobrecimento, de cortes, vai continuar, pelo menos até ao fim desta legislatura.
 Em 3 anos a dita troika ajudou a aumentar o desemprego para níveis nunca vistos, aumentou a dívida para 130 % do PIB, a emigração voltou aos níveis dos anos 60 salazaristas, tentou-se destruir o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social, acabar com a ciência e a cultura, enfim destruiu-se a vida de muitos portugueses (a lista de todas as maldades não cabem aqui). A troika foi embora, mas Passos Coelho e Portas ficam, eles que fizeram questão de ir além da troika, de empobrecer Portugal, de cumprir a ideologia neoliberal reinante.
Quanto aos portugueses, ao bom povo português, ao “povo sereno”, comportaram-se até agora como bois mansos: não gostam dos políticos, é certo, mas é só porque acham que os políticos o que querem é tacho. Os políticos, não todos, representam altos tachos, muitos tachos, mais tachos que os que Joana Vasconcelos utilizou para construir o seu sapato de Cinderela. Tachos invisíveis e imensos. Agora, nas Europeias a AP (Aliança Portugal – PSD e CSD-PP coligados) terá, infelizmente, muito mais de 20 % dos votos. E é ai que estão os serviçais dos tachões.

sexta-feira, maio 09, 2008

DIAMANDA GALÁS: A VOZ DE ORFEU


Ontem, Diamanda Galás voltou à Casa da Música, no Porto. Uma figura vestida de preto ao piano gritava, modulava o grito, como o oleiro modula o barro. A voz/grito de Diamanda Galás parece ter feito o percurso de Orfeu: ela foi ao inferno e voltou. O inferno de Diamanda Galás é a sida, ou o genocídio de um milhão de arménios pela Turquia. É a denúncia de factos como estes que torna a música de Diamanda Galás politizada. O som da sua voz, única, ampliado pelo sistema sonoro, fica a ressoar dentro do ouvido. Penetra o ouvido. É um acto físico entre Diamanda e os espectadores. Quando as palavras são importantes, elas são de Pasolini, Baudelaire ou Lorca, ou fazem uma revisitação muito própria de canções da música pop ou de cantores como Edith Piaf ou Johnny Cash, como acontece neste seu último disco, "Guilty, Guilty, Guilty", uma "compição de trágicas e homicidas canções de amor".

segunda-feira, abril 28, 2008

MERIDITH MONK


Meridith Monk esteve no passado sábado em Lisboa, onde deu um concerto. Aqui fica um excerto do seu "grito" e outro excerto da crítica de João Bonifácio no Público de hoje.
O trabalho de Meredith Monk centra-se essencialmente no significado primordial da linguagem. Se antes de os homens "aprenderem" uma linguagem falada comunicavam por sons (que serviam de aviso, chamada, etc.), Monk faz numa "canção" o caminho oposto: parte de uma palavra para chegar a um som. Pega numa palavra, divide-a silabicamente, repete um fonema e torce-o e retorce-o em termos de amplitude vocal e extensão, tornando-a dúctil, como se se tratasse de uma criança a experimentar palavras, ainda antes de perceber que uma palavra é uma representação e que por baixo de uma palavra há uma emoção.

domingo, novembro 25, 2007

IAN CURTIS: O CONTROLO DO MITO




Ele era casado, tinha uma filha ainda bébe, um emprego num centro de emprego, uma amante; era jovem (young men), sofria de epilepsia, vivia numa cidade de subúrbio perto de Manchester - Macclesfield. Uma vida vulgar? Não. Ele chamava-se Ian Curtis e era o vocalista e autor das letras dos Joy Division, uma das mais importantes bandas da história do rock. O suicídio, aos 23 anos, a 18 de Maio de 1980, criou o mito que a intensidade espasmódica e depressiva da música dos Joy Division já fazia antever. Agora, 27 anos depois, surge o filme, uma adaptação da biografia que a viúva de Ian, Deborah Curtis, escreveu (Touching from a Distance de que existe tradução em português, Carícias Distantes, Assírio & Alvim). O filme, Control, é realizado por Anton Corbijn, fotografo que em 1988 realizou o teledisco de "Atmosfere", e tem Sam Riley (praticamente um estreante que embora tendo sido vocalista de uma banda "não fazia ideia de quem era Ian Curtis") no papel de Ian Curtis. Aclamado em Cannes, o filme de Corbijn, de que Deborah Curtis é co-produtora, foge da estética depressiva e pós-punk dos Joy Division, desmistificando pelo lado de fora Ian Curtis. Ora a vida de Curtis, que não chegou a ser uma estrela rock, é uma vida banal, cinzenta como esses finais da década de 70 em Inglaterra, como essa cidade de subúrbios. O que não é banal em Ian é a sua visão do mundo plasmada na música e letras dos Joy Division, ou ainda a sua entrega em palco que, creio, Sam Riley, se esforça por copiar, mas será sempre uma cópia. O filme acaba por dar pouco daquilo que foram os Joy Division e a banda sonora é escassa e mal aproveitada - nem sempre os melhores temas dos Joy Division aparerecem (veja-se o final do filme aonde seria de aproveitar um dos temas maiores da banda "The Eternal" ou mesmo "Decades").

quinta-feira, maio 17, 2007

IAN CURTIS: PREPARA-SE O REGRESSO DO MITO



O mito urbano-depressivo de Ian Curtis, músico e poeta suicida, lider dos Joy Division - a banda de rock mais importante da década de oitenta -, perpetua-se, transmite-se desde o fundo do tempo, onde estão as estátuas de pedra. Agora, prepara-se um filme sobre Ian e os Joy Divison, um biopic anunciado para setembro próximo com realização de Anton Corbijn - e é de esperar o pior, ou talvez não. Mas enquanto houver coisas parecidas com rádios, em cidades tristes de cimento e néon, haverá alguém a dançar, em transe, muito perto do espasmo epiléptico, como ele fazia. Ou, ou a olhar a cerimonia dos dias.

quinta-feira, julho 13, 2006

LAURIE ANDERSON: UMA CERTA DISPERSÃO


Laurie Anderson esteve ontem no Porto, onde actuou na Casa da Música para cerca de 250 pessoas, acompanhada de dois músicos: Peter Scherer e Skùli Sverrisson. Amanhã vai estar em Mentemor-o-Velho, no Festival do Castelo.
Com uma longa carreira de 25 anos, Laurie Anderson continua no registo multimédia, embora mais soft. Ontem na Casa da Música, durante cerca de 75 minutos, a autora de "Big Cience" voltou a contar estórias que podem ser consideradas pequenos poemas ou mesmo aforismo enquanto numa tela eram projectadas fotografias (e as palavras de Anderson traduzidas para português).
Sendo a componente multimédia reduzida isso não deixa, no entanto, de provocar um efeito de dispersão entre a palavra, servindo de mensagem para reflexão, a música (com alguns excelentes momentos) e as imagens projectadas. Uma brochura a acompanhar o espectáculo com as palavras de Anderson seria uma boa ideia.

quarta-feira, maio 17, 2006

IAN CURTIS


Há 26 anos, Ian Curtis, o vocalista e autor das letras dos Joy Division, suicidava-se. Iniciava-se o mito.

Uma voz que nos chega das profundezas mais sombrias, alguém que como Orfeu desceu aos infernos para nos trazer uma beleza aterradora, espasmódica, nocturna como o sol cegante do meio-dia. Voz da lucidez: excesso de luz dirigida.