quinta-feira, abril 26, 2012

25 DE ABRIL NA ESCOLA DA FONTINHA PELO ES.COL.A

A escola da Fontinha, no Porto, voltou ontem a ser ocupada pelo movimento Es.Col.A. A ocupação teve um carácter quase simbólico: hoje a escola estava de novo desocupada e trabalhadores da C. M. do Porto emparedavam a escola. Por outro lado, a ocupação de ontem pelo movimento Es.Col.A fez-se num dia demasiado simbólico para que houvesse confrontos entre polícia e ocupantes, o 25 de Abril. De certa forma a ocupação de ontem correspondeu a um acto revolucionário, como se se tratasse já não de comemorar o 25 de Abril, mas de re-fazer o 25 de Abril – e isto numa altura em que algumas personalidades se manifestaram a favor de um novo 25 de Abril. Perante isto torna-se pertinente citar o que José Neves escreve hoje no jornal i: A Escola da Fontinha não é simplesmente nome de um projecto social, cultural ou educativo. (…).A Escola da Fontinha é antes de mais, de onde eu a vejo, o nome de um projecto de poder (ou de antipoder, se preferirem) que se caracteriza por assumir uma natureza económica e política radicalmente democrática (ou anarquista, se preferirem). E é isto que a singulariza. Do ponto de vista económico, a Fontinha não é enquadrável em nenhuma das duas alternativas que tomaram conta do debate económico no espaço mediático dominante. Essas duas alternativas rezam que ou as coisas pertencem à ordem pública regida pelo Estado ou pertencem a uma esfera privada oleada pelos mecanismos de mercado.
O que é ameaçador para o poder político e económico é que novas escolas da Fontinha surjam, que os cidadãos façam alguma coisa para além daquilo que lhes é pedido (votar, fazer donativos para acções de caridade, consumir, pagar os impostos). Por isso o exemplo da Es.Col.A pode ser a semente de algo de novo

segunda-feira, abril 23, 2012

MANIFESTO DA ASSOCIAÇÃO 25 DE ABRIL

Abril não desarma

Há 38 anos, os Militares de Abril pegaram em armas para libertar o Povo da ditadura e da opressão e criar condições para a superação da crise que então se vivia.

Fizeram-no na convicta certeza de que assumiam o papel que os Portugueses esperavam de si.

Cumpridos os compromissos assumidos e finda a sua intervenção directa nos assuntos políticos da nação, a esmagadora maioria integrou-se na Associação 25 de Abril, dela fazendo depositária primeira do seu espírito libertador.

Hoje, não abdicando da nossa condição de cidadãos livres, conscientes das obrigações patrióticas que a nossa condição de Militares de Abril nos impõe, sentimos o dever de tomar uma posição cívica e política no quadro da Constituição da República Portuguesa, face à actual crise nacional.

A nossa ética e a moral que muito prezamos, assim no-lo impõem!
Fazemo-lo como cidadãos de corpo inteiro, integrados na associação cívica e cultural que fundámos e que, felizmente, seguiu o seu caminho de integração plena na sociedade portuguesa.

Porque consideramos que:

Portugal não tem sido respeitado entre iguais, na construção institucional comum, a União Europeia.

Portugal é tratado com arrogância por poderes externos, o que os nossos governantes aceitam sem protesto e com a auto-satisfação dos subservientes.

O nosso estatuto real é hoje o de um “protectorado”, com dirigentes sem capacidade autónoma de decisão nos nossos destinos.

O contrato social estabelecido na Constituição da República Portuguesa foi rompido pelo poder. As medidas e sacrifícios impostos aos cidadãos portugueses ultrapassaram os limites do suportável. Condições inaceitáveis de segurança e bem-estar social atingem a dignidade da pessoa humana.

Sem uma justiça capaz, com dirigentes políticos para quem a ética é palavra vã, Portugal é já o país da União Europeia com maiores desigualdades sociais.

O rumo político seguido protege os privilégios, agrava a pobreza e a exclusão social, desvaloriza o trabalho.

Entendemos ser oportuno tomar uma posição clara contra a iniquidade, o medo e o conformismo que se estão a instalar na nossa sociedade e proclamar bem alto, perante os Portugueses, que:

- A linha política seguida pelo actual poder político deixou de reflectir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa;

- O poder político que actualmente governa Portugal, configura um outro ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores;

Em conformidade, a A25A anuncia que:

- Não participará nos actos oficiais nacionais evocativos do 38.º aniversário do 25 de Abril;

- Participará nas Comemorações Populares e outros actos locais de celebração do 25 de Abril;

- Continuará a evocar e a comemorar o 25 de Abril numa perspectiva de festa pela acção libertadora e numa perspectiva de luta pela realização dos seus ideais, tendo em consideração a autonomia de decisão e escolha dos cidadãos, nas suas múltiplas expressões.

Porque continuamos a acreditar na democracia, porque continuamos a considerar que os problemas da democracia se resolvem com mais democracia, esclarecemos que a nossa atitude não visa as Instituições de soberania democráticas, não pretendendo confundi-las com os que são seus titulares e exercem o poder.

Também por isso, a Associação 25 de Abril e, especificamente, os Militares de Abril, proclamam que, hoje como ontem, não pretendem assumir qualquer protagonismo político, que só cabe ao Povo português na sua diversidade e múltiplas formas de expressão.

Nesse mesmo sentido, declaramos ter plena consciência da importância da instituição militar, como recurso derradeiro nas encruzilhadas decisivas da História do nosso Portugal. Por isso, declaramos a nossa confiança em que a mesma saberá manter-se firme, em defesa do seu País e do seu Povo. Por isso, aqui manifestamos também o nosso respeito pela instituição militar e o nosso empenhamento pela sua dignificação e prestígio público da sua missão patriótica.

Neste momento difícil para Portugal, queremos, pois:

1. Reafirmar a nossa convicção quanto à vitória futura, mesmo que sofrida, dos valores de Abril no quadro de uma alternativa política, económica, social e cultural que corresponda aos anseios profundos do Povo português e à consolidação e perenidade da Pátria portuguesa.

2. Apelar ao Povo português e a todas as suas expressões organizadas para que se mobilizem e ajam, em unidade patriótica, para salvar Portugal, a liberdade, a democracia.

Viva Portugal!

sábado, abril 14, 2012

PASSOS COELHO OU A MENTIRA COMO ASSALTO AO PODER

Impressionante este vídeo que recolhe declarações de Passos Coelho em 2010 e 2011, antes de ser eleito primeiro-ministro. É espantoso como se pode mentir tanto, como aquilo que Passos disse, repetidas vezes, antes das eleições que não faria, foi exactamente o que fez. (O vídeo é da autoria do blogue Aventar)

sábado, fevereiro 11, 2012

A PORCA ALEMANHA


1.Essa língua em que pensou Hegel e Kant, Marx, Nietzsche e Freud, Heidegger e Wittgenstein, Benjamin e Arendt, Adorno e Marcuse, Max Stirner e Fuerbach, essa língua é a mesma língua do Holocausto. Essa mesma língua em que escreveu Goethe e Holderlin, Novalis, E. T. A. Hoffmann, Musil, Herman Hesse, Thomas Mann é a língua que ordenou o extermínio, a língua que se falou no inferno sobre a terra. Essa língua dos grandes pensadores, dos grandes escritores, dos grandes compositores, língua de gramática complexa, declinações, palavras compostas, palavras intraduzíveis – heimat, stimmung, etc. Essa língua com cujos curtos sintagmas se ordenaram os mais atrozes actos por humanos praticados desde sempre é a língua alemã.

2.O mais que o cidadão comum sabe da Alemanha são os nomes das suas principais marcas comerciais: Mercedes, BMW, Volkswagem, Deutsch Bank. Mas o que ignora é o papel que estas grandes empresas tiveram no Holocausto. Ignora que durante o período nazi estas marcas de tanto prestígio utilizaram o mais aviltante e despudorado trabalho escravo: judeus que serviram de trabalho escravo e depois foram executados pelos nazis. Talvez nunca na História da humanidade algo tão atroz tenha sido feito. Mas foi precisamente na Alemanha de há cerca de 70 anos que isso foi feito. Que essas marcas comerciais, do pós-guerra até hoje, beneficiem de um estatuto de prestígio é algo incompreensível. Por muitos elogios que se façam à mecânica dos motores Mercedes ou BMW, eles estão cobertos por um manto de sangue negro. E esse sangue perpetua-se na memória das vítimas de tão ignóbeis crimes.

Por muito que elogiem a produtividade e eficácia dos trabalhadores alemães, em contraposição com os “malandros” do sul da Europa, é aos alemães actuais que corresponde a vergonha de serem os herdeiros de um povo que legitimou, democraticamente, o mais atroz regime político que se conheceu. Essa vergonha deveria ser sentida e manifestada numa altura em que a Alemanha, através da sua chanceler Angela Merkl, nada faz para salvar a Europa dos ataques de agiotagem que vem sofrendo. Antes pelo contrário: Merkl, liderando a União Europeia, sem que para isso lhe corresponda nenhum mandato dos cidadãos europeus, comporta-se como uma pequena ditadora em pacto com os obscuros interesses económicos que querem aniquilar países como a Grécia e Portugal.

Perante o que se está a passar em alguns países da Europa, é altura que os povos europeus se manifestem, que exijam de quem tem poder para tal uma solução política. Ora, no actual quadro político e económico essa solução depende da Alemanha. É pois altura do povo alemão mostrar-se digno de um Bach, um Kant ou um Goethe e exigir do seu poder político e económico que seja solidário com países como a Grécia e Portugal. Sem essa solidariedade é toda a Europa e o seu futuro que está em causa – incluindo o da Alemanha. Sem essa solidariedade poderemos repetir a História naquilo que de mais negro ela nos deu.
Die NUT DEUTSCHLAND



1.Die Sprache des Denkens Hegel und Kant, Marx, Freud und Nietzsche, Heidegger und Wittgenstein, Benjamin und Hannah Arendt, Adorno und Marcuse, Max Stirner und Fuerbach, wird diese Sprache die gleiche Sprache des Holocaust. Das gleiche Sprache schrieb er Goethe und Hölderlin, Novalis, E. T. A. Hoffmann, Musil, Hermann Hesse, Thomas Mann ist die Sprache, die die Vernichtung, die Sprache, die in die Hölle auf Erden gesprochen wurde bestellt. Diese Sprache der großen Denker, die großen Schriftsteller der großen Komponisten, komplexe Grammatik Sprache, Tonfall, zusammengesetzte Wörter, Wörter unübersetzbar - Heimat, Stimmung, etc.. Diese Sprache mit kurzen Sätzen, die die abscheulichsten Taten von Menschen begangen bestellt werden ist immer ein Deutscher.
2.Die mehr als der Durchschnittsbürger weiß von Deutschland sind die Namen der wichtigsten Marken: Mercedes, BMW, Volkswagen, Deutsche Bank. Aber was es ignoriert die Rolle, die diese großen Unternehmen haben in den Holocaust hatte. Ignorieren Sie, dass während der Nazizeit diese beiden renommierten Marken am meisten Dealkylierung und schamlose Sklavenarbeit Juden, die als Zwangsarbeiter gedient und wurden dann von den Nazis hingerichtet werden. Vielleicht nie in der Geschichte der Menschheit etwas so schreckliches getan wurde. Aber gerade in Deutschland seit fast 70 Jahren, das wurde getan. Dass dieser Marken, die nach dem Krieg bis heute, genießen einen Status von Prestige ist etwas unverständlich. Warum haben so viele Komplimente, dass die Mechanik der Motoren Mercedes oder BMW, werden sie von einem Mantel aus schwarzem Blut bedeckt. Und das Blut wird in Erinnerung an die Opfer solcher abscheulicher Verbrechen verewigt.
So viel wie wir die Produktivität und Effektivität der deutschen Arbeiter zu loben, im Gegensatz zu den "Schurken" im Süden Europas ist Deutsch die Strömung, die zur Schande des Seins die Erben eines Volkes, das demokratisch legitimiert, die grausamsten politischen Systems entspricht erfüllt. Dass Scham empfunden und sollte zu einer Zeit als Deutschland, durch seine Bundeskanzlerin Angela Merkl, tut nichts, um Europa vor den Angriffen des Wuchers, das Leiden zu ersparen ausgedrückt werden. Im Gegenteil, Merkl, was die Europäische Union, ohne dass dies es kein Mandat der europäischen Bürger entspricht, verhält er sich wie ein kleiner Diktator im Bunde mit den dunklen Geschäften Interessen, die mit Ländern wie Griechenland und Portugal vernichten wollen.Angesichts dessen, was ist in einigen europäischen Ländern geschieht, ist es Zeit, dass die europäischen Völker offenbaren, erfordert von denen, die Macht haben, zu einer solchen politischen Lösung. Allerdings hängt die aktuelle politische und wirtschaftliche Rahmen dieser Lösung auf Deutschland. Es ist Zeit für das deutsche Volk sich würdig zeigen einen Bach, ein Kant oder Goethe ein und fordern ihre politischen und wirtschaftlichen Macht, die in Solidarität mit Ländern wie Griechenland und Portugal ist. Ohne diese Solidarität ist ganz Europa und seine Zukunft auf dem Spiel steht - auch in Deutschland. Ohne diese Solidarität können wir wiederholen die Geschichte dessen, was sie gab uns mehr schwarz.
(A tradução do português para o alemão foi "feita" pelo google)



terça-feira, fevereiro 07, 2012

Golgona Anghel




Poeta na Praça da Alegria:
Não sou feliz. Não, não me quero matar.
Tenho até uma certa simpatia por esta vida
passada nos autocarros,
para cima e para baixo.
Gosto das minhas férias
em frente da televisão.
Adoro essas mulheres com ar banal
que entram em directo no canal.
Gosto desses homens com bigodes e pulseiras grossas.
Acredito nos milagres de Fátima
e no bacalhau com broa.
Gosto dessa gente toda.
Quero ser um deles.

Não, não guardo nenhum sentido escondido.
Estas palavras, aliás, podem ser encontradas
em todos os números da revista Caras.
A ordem às vezes muda.
Não quero que me façam nenhuma análise do poema.
Não, não escrevam teses, por favor.
Isto é apenas um croché
esquecido em cima do refrigerador.
Obrigado por terem vindo cá para me beijarem o anel.

Obrigado por procurarem a eternidade da raça.
Mas a poesia, mes chers, não salva, não brilha, só caça.

Golgona Anghel, Vim Porque me Pagavam, Mariposa Azual, 2011, pp. 25-26.

Golgona Anghel nasceu na Ilíria Oriental (Roménia). Vive há alguns anos em Portugal onde se licenciou em Línguas e Literaturas Modernas (FLUL, 2003). É autora de uma biografia sobre Al Berto: Eis-me Acordado Muito Tempo Depois de Mim (Quasi Edições, 2006) e dos livros de poemas Crematório Sentimental (Quasi, 2007) e Vim Porque me Pagavam (Mariposa Azual, 2011). Tem colaboração poética em várias revistas entre as quais Criatura. É com o livro de poemas publicado o ano passado, de que aqui se publica um poema, que Golgona Anghel desperta a atenção da crítica. A sua poesia não teme o risco de misturar alta com baixa cultura, numa voz desenvolta, atenta ao quotidiano e consciente da despoetização do mundo, mas nem por isso enveredando por uma tonalidade melancólica ou niilista.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

JOÃO ULISSES (1947-2012)

(imagem respigada de daqui)


João Ulisses nasce em Mangualde, no sopé da Serra da Estrela, em 1947. Tendo vivido no Porto, deserta em 1970 da guerra colonial, refugiando-se em Amsterdão, onde colaborou na revista Vertical, do Centro Português de Cultura, e frequentou filosofia na Universidade Livre, vivendo o movimento beatniks intensamente até 1985, a par de actividades cívicas diversas.
A revolução dos cravos trouxe-o a Portugal, onde colaborou no movimento poético da revista Quebra-Noz.
Radical, outsider, rebelde, serrano da Estrela, Ulisses o Poeta, atravessou as ruas do Porto que o abraçou e o reconhece por este nome.
Viveu nos últimos tempos numa quinta rodeado por animais e plantas.

Títulos publicados:
-Alegorias do corpo mais triste (poesia), Marânus, 2002 (esgotado);
-História do Soldado que deserta por amor (ficção), Estratégias Criativas, 2004; Tibóteo, o Subtil Pastor do Caos / A Sombra d´Aurora, (ficção), Estratégias Criativas, 2009.
(Biografia adaptada daqui)

quarta-feira, janeiro 11, 2012

A VERDADE SOBRE A DÍVIDA



Enquanto a operação choque e pavor se desenrola por aqui (e em Espanha e Itália e Grécia, etc.), a Alemanha vive dias paradisíacos nos mercados. Na segunda-feira, pela primeira vez desde que há memória, os investidores pagaram para comprar dívida pública alemã. É estranho, não é? As pessoas que emprestam dinheiro pagam para emprestar? É esquisito, mas aconteceu: esta foi a semana em que a Alemanha passou a ganhar dinheiro quando pede emprestado. Os investidores querem tanto ficar com títulos de dívida alemães que aceitam juros negativos para que a Alemanha os deixe emprestar-lhe dinheiro. Isto é economicamente estranho? É, aliás nunca tinha acontecido. Mas é o resultado económico, fantástico para a Alemanha, da descrença total no futuro do euro e da Europa tal como ela foi organizada. A crise do euro, afinal, tem vencedores: a Alemanha ganha com a sua dívida pública, está a aguentar uma taxa de emprego razoável, importa cérebros fugidos de países miseráveis e, por enquanto, ainda não está a levar com a recessão. A desvalorização do euro vai facilitar a sua missão exportadora para outros mercados, mesmo quando os europeus deixarem de comprar coisas que se vejam.

Com toda esta conversa supostamente moral sobre dívida pública que intoxica o debate político, aqui e no resto da Europa, é natural que o leitor comum ache que a Alemanha tem “as suas contas em ordem” e já pagou, ou está quase a pagar, tudo o que deve. Mentira. Como disse Sócrates, também a Alemanha acha, evidentemente, que a dívida “é para se ir pagando”, e está longe de ter uma dívida pública baixinha, como a da Estónia, que é de 6,6% do PIB. Não: a dívida pública alemã é de 83,2% do PIB e é parecida com a francesa (81,7% do PIB). Mas tanto a dívida pública alemã como a dívida pública francesa são maiores do que a espanhola (60,1% do PIB). Sim, nós temos uma dívida terrível – 93% do PIB. Mas está apenas dez pontos acima dos alemães. A Bélgica está nos 96% e os casos mais complicados são a Itália – 119% – e a Grécia, a chegar aos 142,8%. A Letónia, por exemplo, um país que pagou as suas dívidas honrosamente (está nos 44% do PIB), tem agora uma taxa de desemprego de 18%.

Com a confiança na zona euro a bater no fundo, os investidores refugiam-se no colo de Berlim, que é a economia mais forte da zona euro. Aceitam perder dinheiro – negoceiam a juros negativos – para deterem dívida pública alemã. Como é que os outros países da zona, enfiados em programas de austeridade sem crescimento à vista, podem dar confiança aos investidores? A resposta, infelizmente, é conhecida. Se puder, emigre para Berlim.


Editorial do jornal i de 11-01-12,com o título "As dívidas boas e as dívidas más", por Ana Sá Lopes.Sublinhados meus .A imagem, retirada do jornal Público, mostra gráficamente a distribuição da dívida na zona euro. Por estes dados facilmente se conclui que a crise da dívida soberana portuguesa não é objectiva nem real. Ela foi criada pelas agências de rating e agrada à política de destruição do Estado social do PSD e CDS. Portugal tem uma dívida semelhante a outros países da zona euro, 10 pontos percentuais superior à Alemã, em termos de PIB. No geral, quem tem uma dívida colossal na zona euro é a Alemanha, a Itália e a França. A questão é, portanto, política - e só a acção política, no sentido abrangente, nos pode tirar da situação em que estamos. Mas pela apatia generalizada parece que há pessoas que gostam de ser roubadas, masoquistas que gostam de empobrecer. Enfim, a "servidão voluntária" tem raízes profundas.



segunda-feira, janeiro 02, 2012

6 ANOS

Este blogue faz hoje 6 anos. Agradeço aos leitores e visitantes.

LIVROS DE 2011


A=
O Pintor Debaixo do Guarda-loiça, Afonso Cruz, Caminho
Vim Porque me Pagavam, Golgona Anghel, Mariposa Azual
A Pantera, Ana Teresa Pereira, Relógio d’ Água
A Felicidade no Crime, Barbey D´ Aurevilly, Assírio & Alvim
Vida: Variações, Bénédicte Houart, Cotovia

B=
O Conformista, Alberto Moravia, Público
Romance Sujo, João Urbano, UR
Doutor Avalanche, Rui Manuel Amaral, Angelus Novus
O Filho do Lobo e outros contos, Jack London, Estrofe & Versos
S. Bernardo, Graciliano Ramos, Cotovia

C=
Almanaque do F. C. do Porto, Rui Miguel Tovar, Caderno
Contos Completos, Gabriel Garcia Marquez, Dom Quixote
O Colosso de Maroussi, Henry Miller, Tinta da China
Poesia Completa, Manoel de Barros, Caminho
O Lago, Ana Teresa Pereira, Relógio d´Água
Contos Escolhidos, Guy de Maupassant, Dom Quixote
Ferdydurke, Witold Gombrowicz, 7 Nós
Correr, Jean Echenoz, Cavalo de Ferro
Auto-de-Fé, Elias Canetti, Cavalo de Ferro
Tiago Veiga - Uma Biografia, Mário Cláudio, Dom Quixote
Liberdade, Jonathan Franzen, Dom Quixote
Uma Mentira Mil Vezes Repetida, Manuel Jorge Marmelo, Quetzal
Nervo, Diogo Vaz Pinto, Averno
Histórias de Imagens, Robert Walser, Cotovia

A – livros publicados em 2011 e lidos em 2011.
B – livros lidos em 2011, publicados noutros anos.
C - livros publicados em 2011, em Portugal, que não li mas poderia ter lido se.