sábado, dezembro 26, 2009

INÊS LOURENÇO


Possessio maris

para Adília Lopes


É tão banal no poema
saber dourar a cópula. Como, ao
amar, resistir à boa humilhação de
babélica virtuosamente
foder e ser fodido. Assim

tão cruamente seja dita
a bíblica prática do conhecimento
dos corpos livre de intertextos e
arredada da culpa e das pestes
racionais.

As almas sensíveis, minha amiga,
não acham sobre-humano nem
muito estético esse acto de achada
eficácia. Desdenham e enjoam
o látego terminal do gozo. Eternos
nautas em seco, aportam a doutos

ensaios e outras posições
elípticas, esquecidos do genitivo
de posse e das declinações trágico-marítimas
onde nunca ninguém possuiu
sem ser possuído.

Inês Lourenço, in Logros Consentidos, & etc, 2005, p. 18.

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