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quarta-feira, outubro 13, 2010

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Leitura de poemas sobre a temática da água e do fogo amanhã, 14 de Outubro, pelas 21h00 no Café Progresso. Os poemas serão lidos por Celeste Pereira e Ana Afonso.
Aqui fica o poema de António Ramos Rosa cujos dois primeiros versos encimam o cartaz

Escrevo-te com o fogo e a água. Escrevo-te
no sossego feliz das folhas e das sombras.
Escrevo-te quando o saber é sabor, quando tudo é surpresa.
Vejo o rosto escuro da terra em confins indolentes.
Estou perto e estou longe num planeta imenso e verde.

O que procuro é um coração pequeno, um animal
perfeito e suave. Um fruto repousado,
uma forma que não nasceu, um torso ensanguentado,
uma pergunta que não ouvi no inanimado,
um arabesco talvez de mágica leveza.

Quem ignora o sulco entre a sombra e a espuma?
Apaga-se um planeta, acende-se uma árvore.
As colinas inclinam-se na embriaguez dos barcos.
O vento abriu-me os olhos, vi a folhagem do céu,
o grande sopro imóvel da primavera efémera.

(de Volante Verde, 1986)