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terça-feira, dezembro 31, 2024

LIVROS EM 2024

 


1, No que respeita à actualidade geral, o ano de 2024 foi marcado pela continuidade. A guerra na Ucrânia continuou, a guerra entre Israel e o Hamas também continuou com o genocídio do povo palestiniano por parte de Israel. A guerra é estúpida, este genocídio praticado por quem sofreu há 80 anos um dos mais ignóbeis genocídios da história, é profundamente estupido e desumano. No entanto, não podemos culpar o povo judeu, mas o líder político do Estado de Israel, Benjamim Natanyahu. A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas, em Novembro, foi outro acontecimento que só a partir de Janeiro de 2025, quando Trump entra em funções, se poderá avaliar. Mas, este segundo mandato parece vir a ter uma diferença: a presença de Elon Musk na administração de Trump. Musk é um dos homens mais ricos do mundo, um excêntrico perigoso que sonha conquistar Marte, e que comprou a rede social Twitter e a transformou no X. Mas, ainda recentemente Musk apoiou a extrema-direita alemã da AfD, o que mostra que a extrema-direita que vai ganhando eleições um pouco por todo o mundo, tem do seu lado o homem mais rico do mundo. E isso torna o mundo mais perigoso do que nunca, porque desenha uma distopia (Musk está também, como outros multimilionários de Sillicon Valey, apostado na IA, e num estranho dispositivo para implantar na mente humana). Por cá, a nova AD ganhou, por escassa margem sobre o PS, as eleições legislativas, formando Luís Montenegro um governo PSD-CDS. Lucília Gago abandonou, por fim de mandato, a PGR e, de certa forma “deu” a António Costa o lugar de Presidente do Conselho Europeu.

2, 2024 foi um ano de tantos centenários que o V centenário do nascimento de Luís de Camões ia sendo esquecido. Do ponto de vista editorial, Isabel Rio Novo andava há já cinco anos a preparar uma biografia de Camões: Fortuna, Caso, Tempo e Sorte (Contraponto, 2024), um grosso volume de mais de 700 páginas resume a vida do autor d’ Os Lusíadas. Frederico Lourenço (que tem vindo a publicar uma tradução “laica” da Bíblia, traduzida a partir do grego) organizou uma antologia da poesia camoniana, Camões – Uma Antologia (Quetzal, 2024), onde metade do volume de cerca de 600 páginas é ocupado com comentários do professor da Universidade de Coimbra. Registe-se ainda a publicação do teatro de Camões, num volume com “prefácio, fixação de texto e notas” de Sérgio Guimarães de Sousa, editado pela Assírio & Alvim. Para quem quiser ler toda a obra de Camões, ela está publicada na E-Primatur, em três volumes, organizados por Maria Vitalina Leal de Matos. No campo mediático, Jorge Reis-Sá (que este ano publicou a reunião da sua poesia no volume Prado do Repouso – edição A Casa dos Ceifeiros), tem vindo a apresentar na RTP 3, o programa 1000xCamões, onde conversa com figuras de várias áreas sobre a poesia camoniana. A RTP 2 optou pela leitura dos 10 cantos de Os Lusíadas feita em outros tantos episódios. As comemorações vão estender-se até 2026 e têm um carácter político (como não podia deixar de ser, tratando-se de Camões): a nova ministra da cultura, Dalila Rodrigues, nomeou José António Bernardes, em substituição da anterior comissária, Isabel Marnoto. Para já, o governo AD destina 2,2 milhões de euros, para comemorar Camões, no OE para o ano de 2025.

3, Mas no que diz respeito a centenários, 2024 não foi só o de Camões. Dois importantes poetas portugueses nasceram há 100 anos: António Ramos Rosa e Alexandre O’ Neill. De O’ Neill a Assírio & Alvim republicou dois livros, Tempo de Fantasmas (primeira edição de 1951) e No Reino da Dinamarca (primeira edição 1958). Sobre Alexandre O’ Neill há ainda uma exposição, “No Reino de O’ Neill”, comissariada por Joana Meirim (que publicou o ensaio Uma Carta à Posteridade, Jorge de Sena e Alexandre O’ Neill – Imprensa Nacional, 2024) e que conta com um texto inédito de Adília Lopes intitulado “O’ Neill e a tia da aletria”. Quanto a António Ramos Rosa, poeta essencial da poesia portuguesa, mas também um teórico da própria poesia, alguém que publicou cerca de cem livros, caiu um absoluto silêncio e esquecimento sobre o seu centenário. A Assírio & Alvim tem vindo a publicar a sua obra, de que já foram publicados dois volumes (em 2018 e 2020), e existe uma antologia, Poesia Presente (Assírio & Alvim, org. de Maria Filipe Ramos Rosa, com prefácio de J. Tolentino Mendonça). Já sobre Franz Kafka, nome monstruoso da literatura mundial, não houve por cá esquecimentos editoriais. Destaque-se, entre as várias obras publicadas os Contos, Parábolas, Fragmentos (Relógio d’ Água, com tradução de António Sousa Ribeiro, ver lista) e o primeiro volume (O Artista da Fome, tradução de Bruno C. Duarte) de 3 com que a E-Primatur pretende publicar toda a prosa breve do autor de O Processo. E ainda o centenário do nascimento de Bernardo Santareno, talvez o melhor dramaturgo português do século XX.

4, O Porto é hoje uma cidade descaracterizada. A culpa, como em muitas outras cidades europeias, é do turismo. Isso levou a uma especulação imobiliária que está a transformar a cidade, o que fez com que a Livraria Latina, fundada em 1942, e pertencente desde há vários anos ao grupo Leya, fechasse. A Livraria Latina situava-se no número 1 da Rua de Santa Catarina, uma artéria pedonal, de comércio de rua, das mais movimentadas do Porto. Foi uma das principais livrarias do Porto, juntamente com a saudosa Livraria Leitura e a Livraria Lello – que das três, e graças à arquitectura do edifício onde está, se tornou num lugar de peregrinação turística. Mais à frente, na mesma Rua de Santa Catarina, funcionava, desde há cerca de 25 anos, uma loja da FNAC que este ano fechou. Uma das características desta loja (replicada noutras), era funcionar como uma biblioteca: as pessoas iam à FNAC, escolhiam um livro e sentavam-se num dos sofás que por lá existia (se houvesse lugar). Algo replicado por algumas livrarias. A FNAC, quando apareceu em Portugal foi algo de novo: podiam-se comprar discos, filmes e livros no mesmo espaço. Nessa altura, a Internet dava os primeiros passos, e os computadores – mesmo portáteis – tinham uma gaveta para colocar o cd com disco ou filme. Hoje, curiosamente, é o livro que sobrevive aos cd’s de discos e filmes, substituídos por plataformas on-line. Portanto, o livro resiste, um objecto com séculos. Com séculos talvez se encontrem alguns exemplares de livros que fazem parte da Biblioteca Municipal do Porto. Este ano fechou para obras de alargamento, com um projecto de arquitectura de Eduardo Souto Moura. Prevê-se que reabra daqui a quatro ou cinco anos. Ora, tendo em conta que é a segunda maior biblioteca portuguesa, com depósito legal, que só lá se encontram livros e jornais essenciais para investigações académicas ou pessoais, é de lamentar que não se arranjasse uma solução em que a biblioteca continuasse a funcionar. Afinal Souto Moura não é um dos principais arquitectos mundiais?

5, Os prémios literários fazem naturalmente parte do mundo literário (já o podia dizer o senhor de La Palisse). Há prémios de dois tipos: os de reconhecimento de uma obra literária, e os que premeiam inéditos, ou seja, neste caso aspirantes a escritores ou escritores que procuram publicar uma obra e ter uma distinção. Entre os dois tipos de prémios há um fosso, com variantes. Mas, na generalidade os prémios literários servem para homenagear figuras da literatura (Camões, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa-Luís ou mesmo Ernesto Sampaio, no caso português). O Nobel da literatura foi este ano para a escritora sul-coreana Han Kang, de 53 anos (uma das mais jovens a receber o Nobel da literatura), o Prémio Camões foi para a poetisa brasileira Adélia Prado, o Prémio José Saramago (inéditos) foi para Francisco Mota Saraiva (que em 2023 tinha ganho o prémio literário revelação Agustina Bessa-Luís), o Vergílio Ferreira (inéditos) para António Garcia Barreto. Enfim, será longa a lista de premiados com os vários prémios que dão a possibilidade de publicar a obra a concurso, para além do autor em alguns casos também receber uma (pequena) importância pecuniária. No entanto, algo surpreende quanto ao prémio de Melhor Livro de Poesia atribuído pela Sociedade Portuguesa de Escritores. Foi para o poeta Jorge Gomes Miranda (JGM) pelo livro Emoções Artificiais (2023, Gradiva). Em entrevista de JGM ao jornal Público ficamos a saber que se trata de um livro sobre a tecnologia, a Inteligência Artificial, a robótica. O autor, que iniciou a sua actividade como poeta em meados da década de 1990, diz na referida entrevista, “Esperemos que os robôs do futuro sejam mais humanos do que certos humanos”. Essa humanização dos robôs pode ser constatada nos poemas que estão disponíveis on-line. Será um livro tecnofílico, mais surpreendente por ser um livro de poesia que pelo tema abordado, que na ficção científica vem de longe, de Mary Shelley que em 1818 publicou Frankenstein. Que numa altura em que a realidade parece ultrapassar a ficção científica, sejamos acolhedores do que enforma o pós-humano, que não é senão o pior do humano, numa lógica capitalista, é algo, no mínimo, estranho. Ou ingénuo.

 Segue-se, abaixo, uma lista de livros; uns lidos, outros desejos de leitura.

POESIA

Adília Lopes – Dobra (Assírio & Alvim)

José Carlos Barros – Taludes Instáveis (Dom Quixote)

Ana Hatherly – Tisanas (Assírio & Alvim, org. Ana Marques Gastão)

Filipa Leal – Adrenalina (Assírio & Alvim)

Sebastião da Gama – O Inquieto Verbo do Mar – Poesia Reunida (Assírio & Alvim)

Marcos Foz – Enublado Dizes (Bestiário)

Nuno Moura – Cantos (Douda Correria)

T. S. Eliot – A Terra Devastada (Assírio & Alvim, trad. Jorge Vaz de Carvalho)

FICÇÃO

Ana Teresa Pereira – Como Numa História de William Irish (Relógio d’ Água)

Teresa Veiga – Vermelho Delicado (Tinta da China)

Stefan Zweig – Amok (Relógio d’ Água)

Knut Hamsun – Fome (Relógio d’ Água)

Thomas Bernhard – Antigos Mestres (comédia) (Documenta)

Jon Fosse – Uma Brancura Luminosa (Cavalo de Ferro)

Franz Kafka – Contos, Parábolas, Fragmentos (Relógio d’ Água)

NÃO-FICÇÃO

AA VV – História Global da Literatura Portuguesa (Temas e Debates)

AA VV – O Que Lêem os Escritores (Tinta da China)

AA VV – Adília Lopes: do Privado ao Político (Documenta)

Yuval Noah Harari – Nexus (Elsinore)

Maurice Nadeau – História do Surrealismo (Assírio & Alvim)

Wenceslau de Moraes – Paisagens da China e do Japão (Livros de Bordo)

António Marques – Paz (Edições 70)

Peter Singer – Libertação Animal, Hoje (Edições 70)

João Barrento – Os Infinitos Modos da Palavra – Caminhos e metamorfoses da poesia portuguesa contemporânea (Companhia das Ilhas)

sexta-feira, março 31, 2023

A NOVA CENSURA LITERÁRIA

 


1, O jornal Público tem nos últimos meses apresentado à venda, em algumas bancas, um livro por mês que foi objecto da censura do Estado Novo. A acompanhar o livro, em edição fac-simile, está um relatório do censor que apresenta as razões por que o livro deve ser censurado. Há quem pense que depois do 25 de Abril, a censura acabou. Na verdade, existem várias formas de censura, a começar pela auto-censura. Mas, nos tempos do PREC, terá vigorado uma espécie de censura com a nacionalização de quase toda a Imprensa, com o saneamento de jornalistas – como aconteceu no Diário de Notícias de que era director-adjunto José Saramago. No entanto, nesse período conturbado, não existiu um mecanismo oficial de censura, como aquele que foi um dos sustentáculos da ditadura. Além de existir liberdade em jornais como o Expresso ou o então criado, e depois desaparecido Jornal Novo, não consta que existisse uma censura editorial no que aos livros diz respeito. Esse terá sido, pelo contrário, um período de anti-censura na exibição cinematográfica, com filmes eróticos ou pornográficos, e provavelmente também nos costumes, no levantar de certas questões, desde formas de vida até às inevitáveis questões políticas. Depois do 25 de Novembro de 1975, algumas figuras que fizeram parte do Estado Novo regressaram à televisão, como o popular historiador José Hermano Saraiva. Ou seja, o que terá existido de censura, partiu de um “ar do tempo”, do espírito de uma época efervescente.

2, Recordo um diálogo, numa livraria, entre uma cliente e um livreiro, em volta de um livro de Mário Zambujal. A cliente pretendia que o livreiro assegurasse que aquele livro não continha passagens tristes ou que a incomodassem, ou seja, pretendia ler um livro sem o pathos que afecta a grande literatura, e mesmo géneros menores como o policial. Creio que Mário Zambujal será uma boa escolha para quem quer fugir aos vários pathos da literatura. Mas também o pode ser Eça de Queiroz. Tudo depende da sensibilidade do leitor. E o acto de leitura, pode ser interpretado como o espreitar um mundo muito próprio de uma outra sensibilidade: a do autor. Muitas vezes o autor escreve como se estivesse no divã de um psicanalista, dando azo às suas pulsões, ainda que expressas com uma linguagem que tenta ser inovadora. Nisto o leitor, que não é psicanalista, ressente-se daquilo que lê, a sua sensibilidade é afectada. É talvez por isso que existem poucos leitores, e os que existem lêm na sua maioria best-sellers de José Rodrigues dos Santos ou Dan Brown ou outro autor que estiver na moda. A leitura de determinadas obras exige um esforço, e uma dureza, que não se coaduna com a vida que as pessoas levam. Por isso, a um livro preferem ver uma telenovela, uma série, ou um blockbuster como a saga de 007. Algo que as entretenha da dureza da realidade (“Go, go, go, said the bird: human kind Cannot bear very much reality”. escreveu T. S. Eliot num dos versos de Quatro Quartetos). A literatura é por vezes cruel para com o leitor, para com a sua sensibilidade, que o autor na sua grandiloquência admite desprezar.

3, Já aqui referi alguns autores que terão a capacidade de escrever pensando num determinado – e alargado – público, ou se quisermos, terão uma literatura com menos pathos (Mário Zambujal, J. Rodrigues dos Santos, Dan Brown). A estes gostaria de acrescentar outros: Roald Dahl, Ian Fleming, Enid Blayton, Agatha Christie. Roald Dahl, foi um escritor britânico, autor de livros para crianças (e também para adultos). Ian Fleming foi um militar, jornalista e escritor britânico que escreveu romances de espionagem, tendo sido o criador do famoso agente James Bond, o 007. Os seus livros, escritos entre os anos 1950 e 1960 deram origem aos famosos filmes de James Bond. Quanto a Enid Blayton, ficou celebre pela série de livros de aventuras para um público juvenil, Os Cinco. Também estes tiveram adaptações audiovisuais. Agatha Christie, foi um dos grandes nomes do policial, criadora das personagens Hercule Poirot e Miss Marple. O que têm em comum estes quatro escritores para além do seu grande sucesso junto do público? Foram todos, nos últimos tempos, alvo de censura por parte das suas editoras. Essa censura foi feita com a ajuda de um grupo de pessoas, chamado “leitores de sensibilidade” (“sensitivity readers”). Sendo estes autores Best-Sellers, quer para um público infanto-juvenil, quer para um público interessado no romance policial e de espionagem, ou seja, para um público que prefere uma literatura mais ligeira, longe da grandiloquência literária, torna-se um pouco difícil perceber em quê estas obras feriram a sensibilidade destes leitores. A resposta estará num revisionismo woke, que chega agora à literatura. A questão que se coloca, depois da obra destes autores ter sido tocada pelos “leitores de sensibilidade” é saber até onde irá esse revisionismo completamente intolerável. Será que chegarão às grandes obras da literatura mundial? E mesmo que não cheguem, o facto de terem reescrito obras de 4 autores – que para muitos leitores estão entre os seus preferidos – é já demasiado grave.

sexta-feira, dezembro 31, 2021

LIVROS EM 2021



 
1, Num ano em que a pandemia continuou a assolar o mundo, continuaram a editar-se e a vender livros - apesar do confinamento no início de 2021 em Portugal, que fechou também as livrarias. O tempo que vivemos é em parte orwelliano (veja-se como transportamos algo como um Big Brother nos nossos bolsos, e dele estamos cada vez mais dependentes), mas nos últimos quase dois anos teve a adicionante de uma pandemia. Como os direitos de autor de George Orwell passavam para o domínio público este ano, várias editoras prepararam edições de 1984 e Animal Farm. De 1984, um livro que é uma bíblia para os nossos tempos, pelo menos seis editoras publicaram o romance - a Porto Editora, D. Quixote, Livros do Brasil, Clube do Autor, Clássica Editora e Relógio d' Água (esta com um prefácio de Gonçalo M. Tavares). São muitas editoras a publicarem traduções do mesmo livro, mas isso só ajuda à leitura de 1984, como também aconteceu com Animal Farm, (conhecido por O Triunfo dos Porcos) que teve várias e diferentes traduções. Destaque-se ainda, em volta de George Orwell, a publicação de 3 novelas gráficas de 1984.

2, Um género talvez menor no panorama editorial português é o ensaio, e em particular o ensaio com a assinatura de autores portugueses. Este ano tivemos a reunião das crónicas escolhidas, por António Guerreiro, que há anos publica semanalmente no Público. Para o autor de Zonas de Baixa Pressão, que escolhe cerca de 200 crónicas, são micro-ensaios, agrupados por temas como a política, o jornalismo, a escola ou a literatura, entre outros. Vale a pena recordar que António Guerreiro escreve há décadas nos jornais, o que faz dele uma figura não só de crítico literário, mas na ausência de um Eduardo Prado Coelho, talvez dos últimos intelectuais a escreverem na imprensa, o seu substituto. Diga-se que a bibliografia de António Guerreiro é escassa, e que muitos textos de crítica literária que foi publicando ao longo dos anos - principalmente no Expresso - mereciam ser reunidos em livro, porque abrem horizontes de leitura da obra de alguns autores, principalmente poetas. Outros ensaios a referir, entre a filosofia e os estudos literários são os dois livros publicados por Maria Filomena Molder, 3 Conferências (sobre o Qohélet / Ecclesiastes)(esta editada pela Saguão é a primeira), e o pequeno livro A Arqutectura é um Gesto - Variações sobre um motivo wittgensteiniano (edição da pequena editora Sr. Teste). Também Silvina Rodrigues Lopes reuniu um conjunto de ensaios publicados pelas edições Saguão, O nascer do mundo nas suas passagens. Um novo pessoano, Humberto Brito, apareceu com A interrupção dos sonhos - ensaios sobre Fernando Pessoa (Relógio d' Água). Por fim, o destaque para duas figuras do pensamento libertário: Guy Debord com os seus Comentários sobre a Sociedade do Espectáculo (Antígona) e Piotr Kropotkine  de quem, no seu centenário a Antígona editou O Apoio Mútuo (trad. Miguel Serras Pereira) - um livro a ser lido e pensado, contra o darwinismo social que atravessamos e ao qual o autor se opunha.

3, No que respeita à ficção, saliente-se a ausência de alguns autores consagrados, como A. Lobo Antunes. Queria, no entanto, referir-me a uma autora que já tendo começado a publicar em 1980, mantém uma discrição notável no meio literário português: Teresa Veiga. Este ano publicou na Tinta da China mais uma excelente novela - ou romance -, O Senhor d´Além. De Teresa Veiga, que já ganhou o prémio de conto Camilo Castelo Branco por 3 vezes e o prémio de ficção do Pen Clube português, pouco se sabe para além de uma "nota biográfica" que aparece no final do seu último livro. A autora não dá entrevista, não se lhe conhecem fotografias, e evidentemente não participa em festivais literários. Não será propriamente uma Elena Ferrante, mas a postura ética das duas autoras em relação à mediatização do escritor aproximam-se.

4, Chegamos à poesia, de que se apresenta mais abaixo uma longa lista de livros publicados. De salientar que esta lista tem várias lacunas, não pretendendo ser exaustiva. Talvez o livro mais estranho publicado em Portugal em 2021 tenha sido Vaca Preta de Marcos Foz (edição Snob). Trata-se de um hibrido entre poesia e prosa. O autor publicou, em edição de autor, em 2019, o seu primeiro livro de poesia, logo, estaremos na presença de um poeta? Mas Vaca Preta inicia-se por um poema que ocupa as primeiras 25 páginas do livro; mas o mais estranho neste poema, é a inserção abundante de imagens a cores e também a preto e branco sem que sejam propriamente ilustrações. Na página 27 começa a segunda parte do livro, que tem cerca de 130 páginas, com texto em prosa. Talvez se lhe possa chamar-lhe prosa poética. Para além disso o livro tem um encarte de 16 páginas. Este será um dos objectos literários mais estranhos da literatura portuguesa. Talvez se possa enquadrar numa nova vaga de poesia experimental, de que os últimos livros de Rui Pires Cabral seriam um exemplo. Mas o ano contou também com a "reabilitação" de um poeta que estava esquecido por não publicar: António Franco Alexandre que publicou na Assírio & Alvim Poemas, a reunião da sua obra poética, acrescida de um novo conjunto de poemas. Destaque-se ainda a publicação de um livro de inéditos de Joaquim Manuel Magalhães, Canoagem, que prossegue a segunda vida poética do autor de Um Toldo Vermelho. Obras reunidas a salientar: Fatima Maldonado, com Sem Rasto (Averno), Albano Martins com Por ti eu daria (ed. Glaciar), António Aragão com Obra (Re)Encontrada e Adília Lopes que voltou a reunir a sua obra, uma vez mais sob o título Dobra, um volume que já ultrapassa as mil páginas. A Assírio & Alvim, de cujo catálogo de 2021 já referimos alguns títulos, ainda editou Todos os Poemas de F. Holderlin numa nova tradução de João Barrento (já existia a de Paulo Quintela, mas cada época tem o seu germanista de serviço), a poesia completa de Sá de Miranda, a prosa completa de Sophia, a ainda poesia completa de Garcilaso de la Vega numa tradução de José Bento... ou seja, são demasiados calhamaços, demasiadas obras completas, excesso de peso poético.


ABYSMO
Miguel Martins - Do lado de fora
Fernando Pessoa - Odi maritimu / Ode maritíma (cabo verde - português)
Luís Miguel Gaspar - As portas de Santo Antão
Ana Freitas Reis - Cordão

AFRONTAMENTO
Amadeu Baptista / Jorge Velhote - Um dia na eternidade

ALAMBIQUE
Inês Francisco Jacob - Maremoto

ARTEFACTO
André Tomé - Tabernáculo

AVERNO
Amalia Bautista - Trevo
Vítor Nogueira - Rés do Chão
José Alberto Oliveira - Sumário
Paulo da Costa Domingos - Cadeiras Vazias
Fátima Maldonado - Sem rastro
António Barahona - Bocca de pedra
Emanuel Jorge Botelho - Manual dos dias cavos

ASSÍRIO & ALVIM
António Franco Alexandre - Poemas
Friedrich Holderlin - Todos os Poemas (trad. João Barrento)
Sophia de Mello Breyner Andresen - Prosa
Kamo no Chomei - Hojoki - reflexões da minha cabana (trad. Jorge de Sousa Braga)
AA VV - Resistir do Tempo (antologia de poesia catalã)
Francisco Sá de Miranda - Obra completa
Daniel Faria - Sétimo Dia
Daniel Jonas - Cães de chuva
Marta Chaves - Avalanche
Ana Luísa Amaral - Mundo
Pedro Eiras - Purgatório
Luís Quintais - Ângulo Morto
Masaoka Shiki - Aves dormindo enquanto flutuam (trad. Joaquim M. Palma)
Adília Lopes - Dobra (Poesia reunida)
José Tolentino Mendonça - A noite abre meus olhos (Poesia reunida)
José Tolentino Mendonça - Introdução à pintura rupestre
Luís Filipe de Castro Mendes - Voltar
Jorge de Sena - Coroa da terra
Jorge de Sena - Perseguição
Garcilaso de la Vega - Poesia Completa (trad. José Bento)
Safo - Poemas e fragmentos (trad. Eugénio de Andrade)

BARCO BÊBADO
Gregory Corso - Gasolina (trad de Hugo Pinto Santos)
Michel Mc Aloram - No indistinto esquecido(s) (trad. de Jorge Pereirinha Pires)
Pier Paolo Pasolini - Who is me - Poeta das Cinzas (trad. Ana Isabel Soares; pref. Rosa Maria Martelo)
Paulo da Costa Domingos - Neve sobre a roseira
Maria Jesus Echevarria - Poemas da cidade (trad. Paulo da Costa Domingos)
Paul Éluard - A cama a mesa
Rui Baião - STRANGVLATORIVM

CONTRACAPA
AA VV - O destino da árvore é transformar-se em papel (antologia de poesia sueca, trad. Amadeu Baptista)
AA VV - O mundo adormecido espera impaciente (antologia da poesia finlandesa)
AA VV - Sonhador adormecido e perpétua insónia (trad. e sel. Seguenail e Regina Guimães)
Zetho Gonçalves - Transversões [poemas reescritos em Português]
AA VV - Um pouco do meu sangue (antologia da poesia italiana) (sel. e trad. João Coles)

COMPANHIA DAS ILHAS
Cláudia Lucas Chéu- Beber pela garrafa
Alámo de Oliveira - Versos todas as luas (Poesia reunida)
Mário T. Cabral - O livro dos anjos
Catarina Costa - O vale da estranheza

DO LADO ESQUERDO
Gemma Gorga - O anjo da chuva (trad. de Miguel Filipe Mochila)
Jane Hirshfield - Uma cadeira à neve (trad. Francisco José Craveiro Carvalho)

DOUDA CORRERIA
Helena Costa Carvalho - Núbil
Tiago Lança - Entre campos
Rafaela Jacinto - Fiz uma coisa má
Margalit Matitiahu - As portas da união (trad. Susana Mateus / Miguel Jesus
Mauro Filipe da Silva Pinto - Poeta professor de educação física
Nuno Moura - Cordas veias
Miguel Loureiro - O longo peido da sequóia (pref. Pedro Mexia)
Ana Joaquim - Whatsapp p/ bitches
Inácio Luís - Qualquer coisa com algo da mesma espécie
Luís Fazendeiro - Manifesto cibernético-naturalista
Regina Guimarães / Alexandra Ramirez - Os rapazes também pintam o cabelo
Rafaela Jacinto - Regime (2º ed)
Linda Pastan - Estes anos a desaparecerem (trad. Francisco Carvalho)
Ana Martins Marques - Linha de rebentação
Angélica Freitas - Um útero é do tamanho de um punho
Wilson Alves Bezerra - Necromancia tropical (pref. Luís Maffei)
Dinis Lapa - Barbabélico
Beatriz Regina Guimarães Barbosa - Querides Monstres
Mordechai Gelman - Teoria do um e outros poemas (trad. João Paulo Esteves da Silva)

EDIÇÕES DO SAGUÃO
Rui Pires Cabral - Tense Drills
Cesare Pavese - Virá a morte e terá os teus olhos (trad. Rui Caeiro e Rui Miguel Ribeiro)
António Aragão - Obra (Re)Encontrada [Poesia reunida]
Alberto Pimenta - Ilhíada

EXCLAMAÇÃO
Isabel de Sá - A Alegria da Dúvida (antologia org. por Graça Martins)

FLAN DE TAL
Jorge Aguiar de Oliveira - Criptório
Beatriz de Almeida Rodrigues - Manganês
Regina Guimarães - Elo
Ana Pessoa - Fósforo
AA VV - Já não dá para ser moderno: seis poetas de agora

FRESCA
Miguel Royo - Na pedra a luz afia o gume
Gabriela Gomes - Língua-mãe
Maria Brás Ferreira - Rasura

GLACIAR
Albano Martins - Por ti eu daria [Poesia completa]

IMPRENSA NACIONAL - CASA DA MOEDA
Dante Alighieri - Divina Comédia (Trad. de Jorge Vaz de Carvalho
Paulo Henriques Britto - Por ora Poesia 
Guiseppe Ungaretti - Vida de um Homem - Toda a Poesia (trad. Vasco Gato)

LÍNGUA MORTA
AA VV - Os ossos do meu duplo (trad. Diogo Vaz Pinto, Sel. Luís Filipe Parrado)
Rui Ângelo Araújo - Villa Juliana
Tomás Sottomayor - Auberge Ravoux
Ricardo Rizzo - Estudo para um herói vazio
Armando Silva Carvalho - O país das minhas vísceras (Ap. e Sel. José Manuel Vasconcelos)
Miguel d´Ors - O fiasco perfeito (trad. e ap. Luís Pedroso)
Luís Filipe Parrado - Roma não perdoa a traidores
Luís Cernuda - Ocnos (trad. e ap. Miguel Filipe Mochila)
Manuel Resende (trad) - A Grécia de que falas - antologia de poetas gregos modernos
Vasco Gato (trad. e versões) - Lacrau
Ivone Mendes da Silva - O fulgor instável das magnólias

(NÃO) EDIÇÕES
Ghérasim Luca - Mandado de libertação (trad. Helder Moura Pereira)
Ederval Fernandes - Novas ofertas de emprego para Ederval Fernandes
José Pedro Moreira - Por favor não dê de comer aos unicórnios
Duarte Drummund Braga - Os sininhos do inferno
Anne Carson - Vidro, Ironia e Deus (trad. Tatiana Faia)
Rosa Oliveira - Desvio-me da bala que chega todos os dias

 OFFICIUM LECTIONIS
Jorge Melícias - Uma entoação sobre o fogo
Fernando Castro Branco - De coração aberto
Frei Agostinho da Cruz - N´ Alma Escrito
José Rui Teixeira - Como um ofício
Fernando Castro Branco - Poesia (2011.2016)
Eduardo Quina - Consanguineo
Guilherme de Faria - Saudade Minha (poesias reunidas)
António Hartwich Nunes - O livro de Ohio (2ª ed.)
Carlos Alberto Braga - A voz de todas as coisas
Rui Nunes - No íntimo de uma gramática morta
Valter Hugo Mãe - Díptico de prédica
Miriam Reyes - Bela Adormecida (trad. Pedro Sena-Lino)
Sandra Costa - Manual da vida breve (Poesia reunida 2003-2021)
José António Ramos Sucre - Insónia (org. José Rui Teixeira, trad. J. Melícias)
Genaro da Silva - O pintor cego
Rui Nunes - A margem de um livro (2ª ed)
Maria Eulália de Macedo - O meu chão é de vertigem

OUTRO MODO EDITORA
AA VV - Outros tons de azul. Poesia política alemã do século XX (org. e trad. João Barrento) 

PORTO EDITORA
António Cabrita - Tristia (um díptico e meio)
Artur Cruzeiro Seixas - Obra Poética III (org. Isabel Meyrelles)

PUBLICAÇÕES D. QUIXOTE
Maria Teresa Horta - Paixão

RELÓGIO D´ ÁGUA
Joaquim Manuel Magalhães - Canoagem
José Gardeazabal - Viver feliz lá fora
Louise Gluck - Ararate (trad. Margarida Vale de Gato)
Louise Gluck - Vita Nova (trad. Ana Luísa Amaral)
Louise Gluck - Uma vida na aldeia (trad. Frederico Pedreira)

SNOB
Marcos Foz - Vaca Preta

TINTA DA CHINA
Jorge Gomes Miranda - Nova Identidade
Margarida Vale de Gato - Atirar para o torto
A. M. Pires Cabral - Caderneta de Lembranças
João Pedro Gravato Dias - Odes Didácticas
AA VV - Poetas de Dante (org. Alberto Manguel)

VOLTA D´ MAR
João Alexandre Lopes - Porta do fogos
Maria F. Roldão - Pequeno sangue
AA VV - Falar dele no céu de uma paisagem - poemas para Mário Botas
Amadeu Baptista - Luz possível

UMA SELECÇÃO (ENSAIO, FICÇÃO, POESIA & OUTROS)
Guy Debord - Comentários sobre a sociedade do espectáculo (Antígona, trad. Júlio Henriques)
Piotr Kropotkine - O Apoio Mútuo (Antígona, trad. Miguel Serras Pereira)
Humberto Brito - A interrupção dos sonhos - ensaios sobre Fernando Pessoa
António Guerreiro - Zonas de baixa pressão (Ed. 70)
Silvina Rodrigues Lopes - O nascer do mundo nas suas passagens (Ed. Saguão)
Maria Filomena Molder - 3 Conferências (Ed. Saguão)
Maria Filomena Molder - A arquitectura é um gesto (Sr. Teste)
Alexandra Carita - Dizer o mundo - conversas com Rui Nunes e Paulo Nozolino (Relógio d' Água)
Edward W. Said - Orientalismo - representações ocidentais do oriente (Ed. 70)
Seb Falk - A Idade Média - A verdadeira idade das luzes (Bertrand)

George Orwell - 1984 (várias editoras)
Sara Mesa - Um amor (Relógio d´Água, trad. Miguel Serras Pereira)
Teolinda Gersão - Regresso de Julia Mann a Paraty (Porto Editora)
Ana Teresa Pereira - Como se o mundo não existisse (Relógio d´Água)
Cesare Pavese - O Belo Verão (Livros do Brasil)
António Ferro - Ficção (E-Primatur)
Teresa Veiga - O senhor d´ além (Tinta da China)

Marcos Foz - Vaca Fria (Snob)
Joaquim Manuel Magalhães - Canoagem (Relógio d' Água)
José Gardeazabal - Viver feliz lá fora (Relógio d' Água)
Albano Martins - Por ti eu daria (Glaciar, Poesia completa)
António Aragão - Obra (Re)Encontrada
Isabel de Sá - A  Alegria da Dúvida (org. Graça Martins; Exclamação)
Adília Lopes - Dobra (poesia reunida) (Assírio & Alvim)
Kamo no Chomei - Hojoni - reflexões da minha cabana (Assírio & Alvim)
António Franco Alexandre - Poemas (Assírio & Alvim)
Fátima Maldonado - Sem Rasto (Averno; Poesia reunida) 

Sylvia Plath - Diários 1950-1962 (Relógio d' Água)
Gonçalo M. Tavares - Diário da Peste (Relógio d' Água)
Witold Gombrowicz - Diário (1953-1958) (Antígona, trad de Teresa Fernandes Swiatkiewicz)


terça-feira, novembro 30, 2021

António Guerreiro - Zonas de baixa pressão

 


Sabemos muito bem como o jornal, que foi em tempos «a oração matinal do homem moderno» (Hegel), tem dificuldade em sobreviver nesta nova economia, com outras solicitações «atencionais». E a indústria do livro só sobrevive à custa de espécies editoriais que não solicitam, em grau elevado, a energia mental da atenção. Em 2004, Patrick Le Lay, director de um canal de televisão francês, a TF1, fez afirmações numa entrevista que chocaram pela sua crueza, mas definem bem o que é a economia da atenção: «Numa perspectiva business, sejamos realistas: no fundamental, a profissão da TF1 consiste em ajudar a Coca-Cola, por exemplo, a vender o seu produto. Ora, para que uma mensagem seja recebida é necessário que o cérebro do espectador esteja disponível. As nossas emissões têm por vocação torná-lo disponível, isto é, diverti-lo e relaxá-lo para o preparar entre duas mensagens. O que vendemos à Coca-Cola é tempo de cérebro disponível.» Estas palavras escandalizaram não por dizerem algo de novo (a não ser aos ingénuos), mas porque literalizam demasiado aquilo que nos tem sido transmitido por eufemismos ou por mediações teóricas com um certo grau de elaboração.

António Guerreiro, Zonas de Baixa Pressão - Crónicas Escolhidas, Edições 70, 2021, p. 32

quinta-feira, dezembro 31, 2020

LIVROS EM 2020

 


 Aqui fica a  lista, que estará bastante  longe de ser exaustiva,

 dos livros de poesia publicados em 2020, e de uma selecção

 de livros do ano. Saliento o II volume da Obra Poética

 de Ramos Rosa, e a reedição da obra completa de

 um poeta que está entre os melhores das últimas décadas: 

Carlos Poças Falcão. 



ASSÍRIO & ALVIM

António Ramos Rosa – Obra Poética II

Mário Cesariny – Poemas Dramáticos e Pictopoemas

Adília Lopes – Dias e Dias

Pedro Eiras – Inferno        

Rosa Maria Martelo (org.) – Antologia Dialogante de Poesia Portuguesa

Jorge de Sousa Braga – A Matéria Escura

Yosa Buson – Os Quatro Rostos do Mundo 


AVERNO 

Manuel de Freitas - 769118

Inês Dias – Cerveja & Neve


BESTIÁRIO

Rui Baião - Scaramuccia


COMPANHIA DAS ILHAS

Frederico Pedreira – A lição do sonâmbulo

Cláudia Lucas Chéu – Confissão

Manuel Fernando Gonçalves - Alarido 

AA VV – Afagando a face de Lorca

Álamo Oliveira – Poemas vadios

Nuno Dempster – Variações da Perda

Nuno Felix da Costa – Epopeia mínima


COTOVIA

Virgílio – Eneida (trad. Carlos Ascenso André)


DEBOUT SUR L’ OEUF

Manuel Fernando Gonçalves – Sol fora

Pedro Magalhães – Esturrado

Luís Cacho – O brocado do cio

José Emílio-Nelson – Sonetos Glaucos

Nuno F. Silva – Epilepsy dance


DO LADO ESQUERDO

António Amaral Tavares – A faca que nos une

José Carlos Barros – A educação das crianças

Billy Collins – Contra sinos de vento (trad. Francisco José Craveiro de Carvalho)


DOUDA CORRERIA

Rui S. Magalhães – Queda de neve nas terras altas

Paulo Ramalho – Manual de sobrevivência para náufragos

Maria Daniela – V de vagem

João Paulo Esteves da Silva – Missangas 

Maria Lúcia Alvim – Antologia poética

Natália Agra – A noite de São João

Thomaz de Figueiredo – Sonetos da casa amarela

Nick Virgilio – Um capacete crivado de balas (trad. Francisco José Craveiro de Carvalho)

Marta Caldas – E aquáticos

Débora Miltrano – Curso técnico para a iluminação

António Ferra – Clara em castelo

Guilherme Vilhena Martins – Háptica

Bernard O’ Donoghue – Fora do sítio (trad. João Paulo Esteves da Silva)

Sean Bonney – A nossa morte (trad. Miguel Cardoso)

João Silveira – Pomba-Peste

Rafaela jacinto – Regime

Alexandre Costa – Na dúvida dedicaremos o fim

Regina Guimarães e Ricardo Castro – Traumatório

Manuel Seatra – Raiz densa no pátio da garganta

Gonçalo Perestelo – Tomo banhos imperadores

 


EXCLAMAÇÃO

Regina Guimarães – Antes de mais e depois de tudo


EDIÇÕES SAGUÃO

Emily Dickinson – Poemas envelope (trad. Mariana Pinto dos Santos e Rui Pires Cabral)


FRESCA

Samsara – Painéis Solares

João Coles – Merda para as Musas

Narciso Pinto – Unhas-de-Fome

Tatiana Faia – Leopardo e Abstracção


IMPRENSA NACIONAL/CASA DA MOEDA

Vitorino Nemésio – Poesia (1950-1959)


LICORNE

João Pedro Mésseder – Espanta-espíritos

Tu Fu – Entre céu e terra (“transgressões” de Manuel Silva-Terra)

Rainer Maria Rilke – Notas sobre a melodia das coisas


LÍNGUA MORTA

Roger Wolfe – Fazer o trabalho sujo (antologia org. por Luís Pedroso)

Andreia C. Faria – Clavicórdio

Luís Carlos Patraquim – Morada nómada

Luís Filipe Parrado – O universo está pintado à mão 

Pablo Javier Pérez López – Dicionário de garças e de melros & outros textos (trad. João Moita)

??? – O meu livro de cabeceira é um revólver (trad. Jorge Melícias)

Mariano Alejandro Ribeiro – Bartlebyana

Carlos Poças Falcão – Arte nenhuma (co-edição com a Livraria Snob)

Ivone Mendes da Silva – Os contos esquivos

Amâncio Reis – Pterodáctilo

Nuno dos Santos Sousa – Ao ouvido de um moribundo – uma antologia desesperada da poesia portuguesa

Joan Margarit – Misteriosamente feliz (sel, trad. Miguel Filipe Mochila)

Raul de Carvalho – Lâmpadas acesas para aumentar o dia (sel. Diogo Martins)



(NÃO EDIÇÕES)

José António Almeida – Pouca tinta (poesia reunida)

Susana Araújo – Discurso aos pacientes cirúrgicos

Rui Pires Cabral – Drawing Rooms

Inês Francisco Jacob – Sair de cena

Edwin Morgan – 100 poemas (sel. Trad. Ricardo Marques) 


MALDOROR 

Diogo Vaz Pinto – Aurora para os cegos da noite



PORTO EDITORA

Artur do Cruzeiro Seixas – Obra poética I (org. Isabel Meyrelles)

Artur do Cruzeiro Seixas – obra poética II


PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE

Manuel Alegre – Quando 

Nuno Júdice – Regresso a um cenário campestre


QUETZAL

Frederico Lourenço (trad. e org.) – Poesia Grega de Hesíodo a Teócrito

João Luís Barreto Guimarães – Movimento 


RELÓGIO D’ ÁGUA

Louise Gluck – A Íris selvagem (trad. Ana Luísa Amaral)

Louise Gluck – Averno (trad. Inês Dias)

Miguel-Manso – Estojo 

Hélia Correia – Acidentes 


TINTA DA CHINA

Alejandra Pizarnik – Antologia poética (trad. Fernando Pinto do Amaral)


VOLTA D’ MAR

José Ricardo Nunes – Si dispensa daí fiori

Sandra Costa – Boletim Meteorológico 


Uma selecção de livros (ficção, ensaio, poesia)

AA VV – O Cânone (Tinta da China, Fund. Cupertino de Miranda)

Paul Celan/Ingeborg Bachmann – Tempo do Coração (Antígona) 

Alejandra Pizarnik – Antologia Poética (Tinta da China)

António Ramos Rosa – Obra Poética II (Assírio & Alvim)

Adília Lopes – Dias e Dias (Assírio & Alvim

Ana Teresa Pereira – Os Perseguidores (Relógio d’ Água)

Shoshana Zuboff – A Era do Capitalismo de Vigilância (Relógio d’ Água)

António Damásio – Sentir & Saber (Temas e Debates)

AA VV – História Global de Portugal (Temas e Debates)

Robert Arlt – Águas Fortes Portenhas (Exclamação)

Mónica Bello – A Vida Extraordinária do Português que Conquistou a Patagónia (Temas e Debates)

Alberto Velho Nogueira – Ensaios 3 (Bestiário)

Gabriel Garcia Marquez – O escândalo do século (D. Quixote)

José Mattoso – A História Contemplativa (Temas e Debates)

Carlos Poças Falcão – Arte Nenhuma (Língua Morta / Livraria Snob)

Andrea Mazzola – Transhumano mon amour (Jornal Mapa)