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sábado, junho 30, 2018

HELGA MOREIRA


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EM ATENAS

De Lesbos, só o perfume nos chega.
Visitantes de oráculos
e falésias de Corinto.

(de Quem Não Vier do Sul, 1983)

quinta-feira, maio 31, 2018

MANUEL RESENDE

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Na Auto-Estrada

Ainda posso perceber
Esses miúdos nos viadutos
Que atiram pedras aos carros da auto-estrada.
É um gesto eficaz
Que matou alguns caixeiros-viajantes,
E até famílias inteiras,
É pura malvadez
E o mundo precisa de pureza.

Mas como se justificam esses que nos acenam
Com alegria ao passarmos?

(De Poesia Reunida, Cotovia, 2018)



segunda-feira, abril 30, 2018

António Pedro Ribeiro


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DECLARAÇÃO DE AMOR AO PRIMEIRO-MINISTRO

Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
por todos os primeiros-ministros
e pelos segundos
e pelos terceiros
estou apaixonado por todos os presidentes de Câmara
e de Junta
por todos os benfeitores de obra feita
por todos os que erguem e mandam erguer
estradas, pontes, casas, estádios, fontanários, salões paroquiais
estou apaixonado por todos aqueles que governam, que executam,
que decidem sem pestanejar
por todos aqueles que dão o cu pela causa pública
que se sacrificam pelo bem comum sem nada pedir em troca.

Quero votar entusiasticamente em todos eles
Afogá-los em votos
Até que se venham
em triunfo

Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
quero vê-lo num bacanal
com todos os ministros
e todos os ministérios
a arfar de prazer
a enrabar o défice, o orçamento,
o IVA, a inflação, a recessão
ágil e empreendedor
como um super-homem
Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
Quero vê-lo num filme porno.

(de Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro, Objecto Cardíaco, 2006)

*
A ALMA AO GOVERNO

Quero entregar a minha alma ao governo
deixar-me colectar em êxtase
amar-te ordeiramente
como um cidadão cumpridor
quero lançar uma OPA
em directo no telejornal
imolar-me no mercado global

(de Queimai o Dinheiro, Corpus, 2009)

FODA A TODA A HORA

No “Piolho” as estudantes cantam que querem foder a toda a hora. No meio de cânticos estudantis banais as gajas gritam a coisa e incomodam os futeboleiros presos à glória do FCP no ecrã. Gosto desse novo hedonismo regado em cerveja que despreza a ditadura do pontapé na bola. É pena que as estudantes se fechem nesses rituais e não abram as pernas aos poetas.

(de Um Poeta no Piolho, Corpos, 2009)

Com cerca de uma dezena de livros publicados, António Pedro Ribeiro aparece como um marginal ao tom altissonante ainda prevalecente na poesia actual. António Pedro Ribeiro, nascido em 1968, poeta já deste século, habitando a zona do grande Porto e os seus cafés agora invadidos pela turbamalta turística, tem uma poesia desempoeirada, libertária (pelo lado situacionista), imanente, biopolítica (fica sempre bem este conceito), sarcástica, erotizada… retomando a tradição dos Cancioneiros medievais. Em 2017 a editora Exclamação publicou uma antologia da sua poesia, desaparecida em pequeníssimas editoras – Dez Pés Abaixo do Mundo, com selecção dos poemas de Rui Manuel Amaral e prefácio de Nelson de Oliveira.  


domingo, dezembro 31, 2017

LIVROS EM 2017

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No ano da morte de Mário Soares, um dos fundadores do regime democrático em que vivemos; no ano do centenário das aparições em Fátima e da Revolução Russa; no ano em que as alterações climáticas, aliadas a um desordenamento da floresta, fizeram mais de uma centena de vítimas mortais nos fogos; no ano em que, finalmente, a economia portuguesa deu mostras de crescimento e o ministro das finanças, Mário Centeno, foi eleito para presidir ao Eurogrupo; no ano agora findo de 2017, no que respeita a livros editados – e devem ter sido na totalidade para cima de uma dezena de milhar, dos quais apenas um restrito número chegou ao mercado livreiro com visibilidade – não houve grandes novidades. Por isso torna-se difícil escolher um livro do ano, coisa em que os balanços da imprensa que ainda  dedica algum espaço aos livros também não conseguiu.
Algumas coisas mantém-se: o livro, na sua materialidade, resiste; apesar do gigantismo de um grupo editorial como a Porto Editora, as editoras independentes também resistem – caso paradigmático da Relógio d’ Água, mas também da Antígona e outras. Por outro lado aparecem novas editoras, algumas de uma dimensão bastante reduzida, outras inseridas em grupos que poderíamos designar de independentes, como é o caso do grupo 20|20 onde estão duas das editoras mais interessantes aparecidas nos últimos tempos: a Elsinore e a E-Primatur.
A ainda vitalidade do livro mostra-se nos livros que se vendem nas tabacarias (o termo é já anacrónico), juntamente com jornais ou revistas. Estão neste caso os livros distribuídos dentro do saco do Expresso (gratuitos) ou as variadas colecções do Público ou da Sábado. A uma maior proximidade do leitor corresponde, no entanto, um completo desmazelo editorial. Está neste caso O Livro das Mil e Uma Noites, distribuído pelo Expresso durante o verão passado. A edição da Aletheia ocultava a origem das traduções, um pormenor que parece despiciendo, mas é  fundamental. Esta forma de tratar os leitores, quer por parte do Expresso quer por parte da editora de Zita Seabra é lamentável. No entanto, a esta edição soube a E-Primatur responder com o primeiro volume das Mil e Uma Noites traduzidas directamente da árabe por Hugo Maia.
   
POESIA
A lista que aqui se apresenta de livros de poesia publicados durante o ano de 2017 foi a mais exaustiva que consegui. Certamente muitos ficaram de fora – edições de autor, edições da editora Chiado, etc. Apresento aqui 133 livros de 29 editoras, desde a pequena editora que editou um ou dois livros à também pequena editora – Douda Correria – que editou 26 livros, que é o dobro dos livros editados pela actual Assírio & Alvim.
Gostaria de destacar o livro que recupera um poeta há muito esquecido na poesia portuguesa: António Reis. Os seus 100 “Poemas Quotidianos” editados pela Tinta da China devolvem-nos um poeta (mais conhecido como cineasta) na sua plenitude, que não pode ser arrumado numa gaveta de uma segunda vaga do neo-realismo. António Reis na sua poesia quotidiana, poesia de imanência, é um nome a ter em conta na poesia do século XX, esse século de ouro da poesia portuguesa.

LIVROS DE POESIA PUBLICADOS EM 2017

ABYSMO
Pindaro – Odes Olímpicas (Trad. de António Castro Caeiro)
Antero de Quental – Poesia I: Odes Modernas/ Primaveras Românticas
Arno Schmidt – Leviatã ou o Melhor dos Mundos seguido de Espelho Negro (Trad. de Mário Gomes)
José Anjos – Somos Contemporâneos do Impossível

AFRONTAMENTO
Ricardo Lima - Suíte Rústica - Fraldeu em espelhos
Afonso Cautela - Lama e Alvorada. Poesia reunida 1953 – 2015
Eduarda Chiote - Fiat Lux
Fernando Guimarães - A Terra se é Leve
Albano Martins - Pequeno Dicionário Privativo
Flor Campino - Elogio do Efémero - Logo de l'éphémere (ed. bilingue)

ALAMBIQUE
António Barahona - Só o Som Por Si Só (Quarto Tômo da Suma Poética)
Ricardo Marques - A Noite [Variações]
Manuel de Freitas - Game Over (2ª Ed. Revista)

ANTIGONA
António José Forte – Uma Faca nos Dentes (pref. de Herberto Helder)

ARTEFACTO
Guilherme Gontijo Flores - carvão :: capim
Luís Falcão – Uma Exigência de Infinito

ASSÍRIO & ALVIM
Alexandre O` Neill – Poesia Completa
Ana Luísa Amaral -  What’s in a Name
Golgona Anghel – Nadar na Piscina dos Pequenos
José Tolentino Mendonça – Teoria da Fronteira
Luís Quintais – A Noite Imóvel
Gastão Cruz – Existência
Eugénio de Andrade – Poesia (pref. de J. Tolentino Mendonça)
Rui Costa - Mike Tyson para Principiantes
Ruy Belo – Transporte no Tempo
Daniel Jonas – Oblívio
Mário Cesariny – Primavera Autónoma das Estradas
Mário Cesariny - Manual de Prestidigitação
Mário Cesariny – Poesia (org. e edição Perfecto E. Cuadrado)
S/A – Épico de Gilgames (Trad. de Francisco Luís Parreira)

AVERNO

Paulo da Costa Domingos - A Céu Aberto
Rosa Maria Martelo – Siringe
Emanuel Jorge Botelho - Os Ossos Dentro da Cinza
João Almeida - Hotel Zurique
Nunes da Rocha - Poemas Obsoletos de um Bicho Imóvel
José Miguel Silva - Últimos Poemas
Luca Argel - 33 Rotações
Rui Baião – Antro
António Barahona - A Voz ao Espelho
Vítor Nogueira – Cantochão

COMPANHIA DAS ILHAS
Francisco José Craveiro de Carvalho - Quatro Garrafas de Água
Madalena de Castro Campos - La Mariée Mise à Nu
Ricardo Pérez Piñero - Cântico do Estuário

COMPANHIA DAS LETRAS

José Mário Silva (org.) – Os Cem Melhores Poemas dos Últimos Cem Anos

DO LADO ESQUERDO

Miguel Martins – S. A.
Jesús Jiménez Domínguez – Ensinar o Eco a falar
Carlos Bessa – Pai
Carlos Alberto Machado – Pés no Charco
Rui Knopfli – Uso Particular
Rui Almeida – A Pedra Não Pode Ser Coração
Pedro Santo Tirso – Oxalá

DOUDA CORRERIA

Miguel-Manso - Rosto, Clareia e Desmaio
Cláudia R. Sampaio – 1025 mg
Diego Moraes – Dentro do Meu Peito Você Pode Cultivar a Solidão o Ano Inteiro (Br)
Ricardo Domeneck - Manual para Melodrama
Iván Prego - Tédio Tropical
João Rios - Os Heróis Transformados em Floreiras
Gary Snyder - Nada Natural (Antologia Poética) - (Trad. de Nuno Marques e Margarida Vale de Gato)
Artur Almeida – Sulcos
Diniz Conefrey - No Coração de Agave (ilustrações do A.)
Sandra Andrade - Caim / Lilith (desenhos e capa de Elagabal Aurelius Keiser)
Miguel Cardoso - Mais de Mil Anos (posf. de Regina Guimarães)
Rui Almeida - Talvez a Dúvida
António Poppe - Come Coral
Mariano Alejandro Ribeiro - Carta Em Fuga Para Cravo E Drá
Rui Nuno Vaz Tomé - 21 Impromptus Para Crianças Peludas
Nuno Moura - Canto Nono (3ª edição)
Rosalina Marshall - Clorântida
Raquel Nobre Guerra - Senhor Roubado (2ª edição)
Angélica Freitas - Um Útero é do Tamanho de Um Punho (Br)
Dulce Maria Cardoso - Rosas
Nuno Moura - Cavalo Alucinado
Luís Carmelo - Extintor de Achados
Regina Guimarães (textos)/ Paulo Ansiães Monteiro (desenhos) – Casamata
Sarah Adamopoulos - A Única Palavra
Catarina Santiago Costa - Filha Febril
Catarina Costa – Analema

EDIÇÕES DO SAGUÃO
S. T. Coleridge – A Balada do Velho Marinheiro (Trad. de Alberto Pimenta)

EDITORA EXCLAMAÇÃO
António Pedro Ribeiro – Dez Pés Abaixo do Mundo (Sel. Rui Manuel Amaral)
Nuno Brito – O Desenhador de Sóis

ELSINORE
Francisco José Viegas (Sel. e Org.) – Cem Poemas e Alguns Mais: antologia da novíssima poesia brasileira

E-PRIMATUR
Camões – Épica e Cartas (Org. Mª Vitalina Leal de Matos)

FAHRENHEIT 451
Miguel Martins - O Caçador Esquimó

FLOP
Konstantínos Kaváfis – 145 Poemas (Trad. de Manuel Resende)

IGNOTA
Henri Michaux - Capturar (Trad. de Aníbal Fernandes)


IMPRENSA NACIONAL – CASA DA MOEDA
Bocage - Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas (Org. Daniel Pires)


LICORNE
Ruy Ventura – Detergente
Isabel Aguiar – As Mães da Síria
José Miranda Rodrigues – Em Busca do Silêncio Perdido
Margarida Morgado – Enquanto (Antologia)
Ricardo Cabaça – Storni - Quiroga
Ruy Ventura – A Chave de Sebastião da Gama
Fernando Eduardo Carita – Estância & Deixamento
Leonora Rosado – A Fenda no Sangue
Manuel Silva-Terra – Ser Casa
R. M. Rilke – Das Rosas (trad. de Manuel da Silva-Terra)
Leonora Rosado – O Último Sopro

LÍNGUA MORTA
José Diogo Nogueira – O Gato Epiléptico
Andreia C. Faria – Tão Bela Como Qualquer Rapaz
Vasco Gato – Lacre, correspondência afectiva
Zetho Cunha Gonçalves – Noite Vertical
Elisabete Marques – Animais de Sangue Frio
Vasco Gato – Fera Oculta (Reed.)
António Amaral Tavares – Os Nomes dos Pássaros
Narciso Pinto – Pingolim
Ivone Mendes da Silva – Dano e Virtude



MARIPOSA AZUAL
Rosalinda Marshal – Sebastião

MODO DE LER
Luís Adriano Carlos/José Cruz dos Santos (Org.) – Os Mais Belos Poemas Portugueses

(não) edições
 D. H. Lawrwnce - Amores-perfeitos / Pansies (vol. II), (trad. de João Concha e Ricardo Marques)
Helder Moura Pereira - Não há nada para fazer em Elephant & Castle
Rita Natálio - Plantas Humanas (capa/ilustração de Mattia Denisse)
Álvaro Seiça - Ensinando o espaço (capa/ilustração de Sofia Morais)
Anne Carson - Autobiografia do Vermelho (um romance em verso) (trad. de João Concha e Ricardo Marques)

ORO
José-Alberto Marques – Épicodrone & Etc

PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE
Nuno Júdice – O Mito da Europa
Maria Teresa Horta – Poesis
Manuel Alegre – O Canto e as Armas (Reed.)
Manuel Alegre – Auto de António

RELÓGIO D` ÁGUA
Frederico Pedreira – A Noite Inteira
Jaime Rocha – Preparação para a Noite
W. B Yeats – Poemas Escolhidos (Trad. de Frederico Pedreira)
John Donne – Poemas (Trad. de Fernando Guimarães e Maria de Lurdes Guimarães)

TINTA DA CHINA
Rosa Oliveira – Tardio
António Reis – Poemas Quotidianos
Gregorio Duvivier – Sonetos
Mário de Sá-Carneiro – Poesia Completa (ed. Ricardo Vasconcelos)
Antero de Quental – As Fadas
AA VV – Às Vezes São Precisas Rimas Destas: Poesia Política Portuguesa e de Expressão Alemã (1914-2014)
Eliane Robert Moraes (Org.) – Antologia da Poesia Erótica Brasileira
Adam Zagajewski – Sombras de Sombras
Rui Knopfli – Nada Tem Já Encanto

VOLTA D` MAR
Henrique Manuel Bento Fialho – A Grua
Rui Tinoco - A Mão Heteronómica

*

FICÇÃO, ENSAIO, POESIA (UMA SELECÇÃO)
Agustina Bessa-Luís – Ensaios e Artigos 1951-2007 (Fund. Caluste Gulbenkian)
Maria Filomena Molder – Dia Alegre, Dia Pensante, Dias Fatais (Relógio d’ Água)
Fátima Maldonado – Resgate (Averno)
G. e W. Grossmith – Diário de um Zé Ninguém (Tinta da China)
Alphonse Allais – 63 Histórias de Humor e 1 Poema Melancólico (Exclamação)
Ana Margarida de Carvalho – Pequenos Delírios Domésticos (Relógio d’ Água)
Júlio Henriques – Alucinar Estrume (Antígona)
Mário Henrique Leiria – Ficção (E-Primatur)
Ricardo Araújo Pereira – Reaccionário com Dois Cês (Tinta da China)
Carson McCullers – Relógio sem Ponteiros (Relógio d’ Água)
H. D. Thoreau – A Desobediência Civil e outros ensaios (Antigona)
Isabel Lucas – Viagem ao Sonho Americano (Companhia das Letras)
S/A – As Mil e Uma Noites (Trad. de Hugo Maia) (Elsinore)
Annemarie Schwarzenbach – O Vale Feliz (Teodolito)
J. G. Ballard – Reino do Amanhã (Elsinore)
Marie Darrieussecq – Há Que Muito Amar os Homens (Teodolito)
Elena Ferrante – Escombros (Relógio d’ Água)
Ben Larner – Ódio à Poesia (Elsinore)
Luís Adriano Carlos/José Cruz dos Santos – Os Mais Belos Poemas Portugueses (Modo de Ler)
Mário Cesariny – Poesia (Assírio & Alvim)
António Reis – Poemas Quotidianos (Tinta da China)
José Miguel Silva – Últimos Poemas (Averno)
Rosa Oliveira – Tardio (Tinta da China)
António José Forte – Uma Faca nos Dentes (Antigona)
S/A – Épico de Gilgames (Assírio & Alvim)
Golgona Anghel – Nadar na Piscina dos Pequenos (Assírio & Alvim)
Mário de Sá-Carneiro – Poesia Completa (Tinta da China)
Elias Canetti – A Consciência das Palavras (Cavalo de Ferro)
Pedro Eiras – Os Mestres (Documenta)