domingo, novembro 18, 2007

THOMAS BERNHARD NO CCB


A partir de hoje e até 16 de Dezembro Thomas Bernhard, o escritor austriaco que passava frequentemente por Portugal, estará em foco num ciclo que é dedicado à sua obra no CCB. Para hoje está prevista a inauguração de uma exposição, na galeria Mário Cesariny, sobre "Thomas Bernhard e as pessoas da sua vida". Um dos principais tradutores da obra de Bernhard para português, José A. Palma Caetano apresenta a conferência "Thomas Bernhard e Portugal", pelas 18 horas; às 21h00 a Companhia de Teatro de Almada lê a peça O Presidente. No dia 22 será apresentado o romance Correcção, editado pela Fim de Século; no dia 26 João Barrento apresentará outro livro de Thomas Bernhard, que será editado pela Assírio & Alvim: Derrubar Árvores. Nesse mesmo dia, pelas 21h00, Tiago Rodrigues lê O Náufrago e a seguir é exibido o filme Glenn Gould: Variações de Goldberg. Outras iniciativas acontecerão até 16 de Dezembro, mas será que Thomas Bernhard, iconoclasta e provocador, aceitaria este tipo de homenagens?

quinta-feira, novembro 08, 2007

ROBERT WALSER


O URSO


Quão diferente é o urso. Em rigor, bonito não é. É antes um pouco estranho nos seus movimentos bamboleantes, ágil e encorpado, e não se sabe ao certo como o interpertar. Se ele pretende estender a pata, dás, involuntáriamente, um passo atrás. Não te apercebes de que, com a tua demonstração de medo, poderias tê-lo ofendido. Um urso tem o seu amor-próprio. Esta noite sonhei com um urso. Essa visão patusca fez que me sentisse também todo peludo. Senti compaixão, quando ele estendeu o braço para uma rapariga, ela a personificação da delicadeza e ele assim tosco, nem sequer penteado - bem podia ter esse cuidado... «Deixa-me em paz!», disse ela, e ele foi-se embora empertigado e, como se fosse uma pessoa que tivesse percebido bem o recado, enfiou-se na cama e puxou o cobertor para se tapar.


Robert Walser, A Rosa, Relógio d' Água, Trad. Leopoldina Almeida, 2004, p.29.

domingo, novembro 04, 2007

OS MÉDIA E «MADDIE»


O jornalismo procura, entre outras coisas, contar histórias - boas histórias - que, fazendo parte do real, muitas vezes são adaptadas à ficção (literária ou cinematográfica). Por outro lado´a imprensa escrita albergou ficções através de géneros como o folhetim ou o conto, hoje arredados das páginas dos jornais. O desaparecimento de Madelaine McCan no passado dia 3 de Maio de um complexo hoteleiro na Aldeia da Luz, no Algarve, e as consequências que este caso teve a nível mediático enquadram-se numa lógica folhetinesca. Este caso teve, e continua a ter, todos os ingredientes de um bom romance ou série policial. É claro que todos os dias desaparecem crianças, mas nunca um caso como o de Maddie teve esta repercussão mediática. Quer se acredite na inocência ou culpabilidade (ainda que relativa) dos pais, estes, através da sua posição social e amizades junto do governo inglês, tiveram um papel activo no desencadear de uma cobertura mediática inédita na busca de uma criança. As acções que o casal McCan tomou, que incluiram um encontro com Bento XVI, ajudaram a manter a campanha a nível dos meios de comunicação social. Mas, como numa boa história policial, dá-se uma reviravolta e as vitimas passam a culpados. Mais apetecível ficou a história. Agora, passados 6 meses e com o casal McCan em Inglaterra, embora com o estatuto de arguidos, o caso vai-se esfumando. Há indícios forenses, mas não há corpo, e a polícia judiciária sabe que este não é um outro caso Joana (onde a confissão da mãe terá sido obtida sob tortura). Nem mais um episódio de CSI (Praia da Luz).

quinta-feira, outubro 25, 2007

YOU ARE NOT WELCOME MR. PUTIN


O povo russo tem sido ao longo de séculos oprimido: pelos czares, pelo comunismo, com o seu maior expoente no camarada Estaline, e agora, por este homem que assassina jornalistas e e ex expiões do KGB. E isto deve ser a ponta do iceberg do terrorrismo de estado de Putin.

terça-feira, outubro 23, 2007

MUDANÇA TRANQUILA


Os grandes jornais mundiais estão a mudar o seu aspecto gráfico. O último que o fez foi o espanhol El País, diário que assistiu ao crescimento da democracia espanhola e se tornou num dos mais importantes jornais mundiais. Esta mudança foi uma mudança tranquila (ao contrário do que aconteceu este ano com o Público): desde logo porque foram feitas pequenas mudanças ao longo dos últimos anos, como a introdução da cor em algumas páginas do jornal. Aspectos como o tipo de letra podem passar despercebidos ao leitor menos atento, embora a utilização da cor em todas as fotografias do jornal, tras uma tendência para o desaparecimento da fotografia a preto e branco na imprensa.

O grafismo é o embrulho das matérias que um jornal publica (notícias, reportagens, opinião, etc). No caso do El País, o que o torna um jornal de referência, embora demasiadamente colado ao PSOE, é a forma como aborda o mundo, dando grande espaço à actualidade internacional, mas também os meios de que se serve para o fazer, ou seja, correspondentes e enviados especiais que dão a sua visão própria dos assuntos tratados. No entanto, nota-se, por parte de toda a imprensa um certo alarmismo face à internet que resulta numa fuga para a frente, mudando o aspecto gráfico e por vezes também os conteúdos. O Público foi um mau exemplo desta mudança, o que parece não ocorrer com o El País.

terça-feira, outubro 16, 2007

PEDRO TAMEN


AMENDOEIRA


Entra no algodão terroso.

Depois

sobe devagarinho, mal se vê,

em muda aspiração ao algodão azul.


Persiste sem saber

que nunca atingirá

o mar da macieza.

Insiste pelos meses,

cega pelos ventos, pelo ouro

que purifica o céu.


Então,

sem desistir,

um dia,

não se resigna e explode

branca de alegria.


Pedro Tamen, Analogia e Dedos, Oceanos, 2006, p.31

sexta-feira, outubro 12, 2007

PAZ E LITERATURA




Doris Lessing, escritora inglesa de 88 anos e 75 livros publicados ganhou o prémio nobel da literatura. Pelo menos, no que respeita ao nobel da literatura podiam criar um totonobel.


Al Gore, ex vice-presidente dos Estados Unidos, que perdeu - para mal do mundo -, as eleições de 2000 ou 2001 para a presidêcia dos EUA a favor de Bush, e autor do filme Uma Verdade Incoveniente, ganhou o prémio nobel da paz juntamente com um tal Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU. Por cá "Os Verdes" não gostaram.