Ele era casado, tinha uma filha ainda bébe, um emprego num centro de emprego, uma amante; era jovem (young men), sofria de epilepsia, vivia numa cidade de subúrbio perto de Manchester - Macclesfield. Uma vida vulgar? Não. Ele chamava-se Ian Curtis e era o vocalista e autor das letras dos Joy Division, uma das mais importantes bandas da história do rock. O suicídio, aos 23 anos, a 18 de Maio de 1980, criou o mito que a intensidade espasmódica e depressiva da música dos Joy Division já fazia antever. Agora, 27 anos depois, surge o filme, uma adaptação da biografia que a viúva de Ian, Deborah Curtis, escreveu (Touching from a Distance de que existe tradução em português, Carícias Distantes, Assírio & Alvim). O filme, Control, é realizado por Anton Corbijn, fotografo que em 1988 realizou o teledisco de "Atmosfere", e tem Sam Riley (praticamente um estreante que embora tendo sido vocalista de uma banda "não fazia ideia de quem era Ian Curtis") no papel de Ian Curtis. Aclamado em Cannes, o filme de Corbijn, de que Deborah Curtis é co-produtora, foge da estética depressiva e pós-punk dos Joy Division, desmistificando pelo lado de fora Ian Curtis. Ora a vida de Curtis, que não chegou a ser uma estrela rock, é uma vida banal, cinzenta como esses finais da década de 70 em Inglaterra, como essa cidade de subúrbios. O que não é banal em Ian é a sua visão do mundo plasmada na música e letras dos Joy Division, ou ainda a sua entrega em palco que, creio, Sam Riley, se esforça por copiar, mas será sempre uma cópia. O filme acaba por dar pouco daquilo que foram os Joy Division e a banda sonora é escassa e mal aproveitada - nem sempre os melhores temas dos Joy Division aparerecem (veja-se o final do filme aonde seria de aproveitar um dos temas maiores da banda "The Eternal" ou mesmo "Decades").
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