Muitas vezes
o Mal se manifestou na História da Humanidade – refiro-me ao mal que tem por
origem acções humanas. O Holocausto e o Gulag foram formas extremas da
manifestação desse Mal. Os tempos que atravessamos, em Portugal e noutros
países do sul da Europa, não podem ser comparados a esse Mal extremo. Mas um
mal a que H. Arendt chamou “banalidade do mal”, conceito discutível, que a
pensadora judia aplicou como forma de explicar o Mal do Holocausto, parece
retornar.
As políticas
e as figuras que têm governado Portugal nos últimos dois anos, encaixam-se
nessa “banalidade do mal” pela sua mesquinhez, estupidez e incompetência. A
acrescentar a essas figuras nacionais, e encontrando-se Portugal sob resgate,
devemos acrescentar a figura de Angela Merkel, que ressuscita numa pequena
escala o Mal alemão.
Vivemos sob uma política do mal, de uma
banalidade do mal, não no sentido que H. Arendt deu a essa expressão como
explicação do nazismo, mas no simples sentido comum com que percebemos esta
expressão. O desemprego, o empobrecimento, o rendimento zero, a emigração, a
perda da casa que não pode continuar a ser paga ao banco, a fome – tudo isto
tem milhões de rostos por detrás com a sua história própria, as marcas de um
sofrimento. Para os executores das políticas que levam os portugueses e outros
povos europeus a estas situações, existe a desculpa de não haver alternativa,
de serem políticas necessárias para que os mercados voltem a confiar em nós. De
facto, com os executores destas políticas não há alternativa, porque este é um
projecto ideológico, que corresponde a um desprezo pela vida das pessoas.
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