domingo, novembro 26, 2006

MÁRIO CESARINY (1923-2006)




O QUE NÃO SE CHAMAVA ASSIM

Entre nós e as palavras há metal fundente

A revolução surrealista falhou há muito, aliás conotar Cesariny com o surrealismo bretoniano será um erro. Se de alguém Mário Cesariny (de Vasconcelos) estava próximo era de Antonin Artaud. Mas isso são outras contas. Contas do rosário da história da literatura, das minudências comparativistas. Acabam sempre por ser simples papéis ao vento perante o peso de uma obra poética onde habitam alguns dos maiores poemas da poesia portuguesa do século XX, e alguns dos principais versos dessa mesma poesia deveriam ser gravados a "metal fundente" por cima das porcas imagens dos placards publicitários.

Cesariny foi pouco amado e muito rotulado. Pelos literatos, e pela polícia por quem foi perseguido e tratado como uma puta. Surrealista e homossexual foram os rótulos de que os sistemas literários e político-políciais se serviram para arrumar a sua obra. Deixou-nos um aviso: eu vou nascer feliz numa cidade futura.

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