Curiosamente o último post publicado neste blogue foi um poema de Fiama. Sabia-se há muito da doença de Fiama, que nos últimos anos a impediu de escrever (veja-se a nota de Gastão Cruz que fecha o livro As Fábulas que a Quasi publicou em 2002). Fiama Hasse Pais Brandão, nascida em Lisboa em 1938, publicou o seu primeiro livro em 1957 (Em Cada Pedra Um Voo Imóvel), ficando, no entanto, o seu nome ligado à publicação conjunta Poesia 61, de onde se destacam Luiza Neto Jorge e Gastão Cruz. Foi poeta, sobretudo, mas também tradutora, ensaista, dramaturga e ficcionista. A sua Obra Breve, que reúne toda a sua poesia, foi publicada o ano passado na Assírio & Alvim e considerada pela crítica como o livro mais importante de 2006. Apesar disso a notícia da sua morte passou despercebida hoje nos meios audiovisuais (uma notícia da Lusa circulava entre os jornais on-line, mas o telejornal da RTP esqueceu por completo o desaparecimento da autora de Cenas Vivas). Embora não seja justificação para o jornalismo ignorante que faz hoje, a poesia de Fiama vive de uma certa obscuridade (vegetal) e hermetismo. Fica-nos, como sempre nestes casos, a sua pesada obra, como possibilidade de um encontro ou até uma paixão.
Entre todas as presenças, eu esperei
a do leitor. Quis ver-lhe os cílios
tremerem com a mancha poética.
(...)
1 comentário:
Não conhecia. A primeira vez que dela li, foi exactamente no post anterior. Coincide com a sua fuga. Pelo que aqui tem deixado, vale a pena descobri-la. Obrigada.
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