De há uns tempos para cá - anos ou mesmo décadas - as crianças começaram a ocupar um lugar no espaço público que jamais tiveram. A baixa de natalidade e de mortalidade infantil, são factores para que se criem em volta das crianças disputas legais, raptos, exercicios de poder por parte de assistentes sociais, medo exagerado em volta da figura do pedófilo, e claro, a mediatização de tudo isto. O caso da bebé raptada há um ano em Penafiel, e agora descoberta pela PJ é mais uma mancha no jornalismo a que mesmo o dito jornalismo de referência não escapou. Durante dias, esta criança de um ano, tem sido tema de abertura de telejornais (incluindo o serviço público), primeira página de jornais (incluindo o "novo" Público). Qual a fronteira, nesta história, entre jornalismo tablóide e jornalismo de referência? Não se vê, porque todos os orgãos de comunicação social alinham pelo mesmo diapasão. Ontem havia festa na aldeia onde a mãe biológica recebeu a sua filha. Um repórter descrevia as solicitações por parte dos populares para ver a criança; o pivô da TVI entrevistava uma pedopsiquiatra questionando-a sobre a mediatização do caso... Talvez os jornalistas não tenham espelho, mas têm monitores.
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