Os patos e o vagabundo no parque desapareceram nesse instante. Nada restou deles. O intervalo com os seus furos tinha passado depressa.
-Não são reais - disse Sarah. - Pois não? Por isso, como é que...
-Tu não és real - disse-lhe ele. - És um coeficiente de estímulos da minha fita de realidade. Um furo que pode ser ignorado. Será que também existes noutra fita de realidade, ou numa realidade objectiva?
Não sabia; não tinha maneira de saber. Era possível que Sarah também não soubesse. Talvez existisse em mil fitas de realidade; talvez existisse em todas as fitas de realidade alguma vez produzidas.
-Se eu cortar a fita - disse - passarás a estar em todo o lado em lado nenhum. como o resto do universo. Pelo menos no que a mim diz respeito.
Sarah gaguejou:
-Eu sou real.
-Quero conhecer-te completamente - disse Poole. (...)
"A formiga elétrica", in Ficções, nº15, 2007, p. 122
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