Há uma velha ladainha que fala de quão pequeno é o meio literário nacional. Críticos, escritores, editores, professores universitários, todos se conhecem ou até acumulam várias destas funções. Acrescente-se a isto que só quem aparece existe, ou seja, só quem actualmente ocupa as cada vez mais reduzidas páginas de jornal que falam sobre livros, existe – como crítico literário, escritor ou noutra função. Alguns blogues também contam, mas apenas aqueles em que os seus autores também escrevem na imprensa. Face a isto torna-se fácil fazer o recenseamento de quem existe no meio literário português. Daí a velha ladainha proposta por velhos generais das letras que assim justificam (justificavam, porque muitos já desapareceram por motivos mais ou menos naturais) a sua perpetuação no meio.
Escrevo isto a propósito da interessante e promíscua história entre Eduardo Pitta e Pedro Mexia. Quarta-feira, 10, na Fnac do Chiado, Pedro Mexia apresentou o livro de Eduardo Pitta Aula de Poesia (Quetzal, 2010). Na mesa, para além de Mexia e Pitta estava o editor da Quetzal, Francisco José Viegas (que além de editor é também director da revista Ler, onde escrevem Pitta e Mexia). Está tudo bem documentado aqui, no blogue Da Literatura, que agora é domínio exclusivo de Pitta. Ora no livro Aula de Poesia, uma reunião de pequenas recensões sobre poesia publicadas na revista Ler e no Público, existe um texto sobre Pedro Mexia. Não seria esta uma razão suficiente para Pitta não convidar Mexia para a apresentação do seu livro, ou para Mexia declinar o convite? Não, não foi. Mas o mais estranho é que o suplemento ípsilon do Público de hoje publica a crítica de Mexia ao livro de Pitta (reproduzida no blogue de Pitta). No Público, no final do texto de Mexia, uma pequena nota informa o leitor que «Este texto foi lido por Pedro Mexia na apresentação de “Aula de Poesia”». Mexia deu três estrelas ao livro de Pitta, sendo crítico em relação a este, principalmente na forma como o autor de Comenda de Fogo aborda a geração de Mexia, sendo o próprio Mexia nela incluído. Dando uma no cravo, outra na ferradura, é interessante a forma como Mexia termina o seu texto: «A última nota vai para esse hábito essencial ao sarcasmo de Eduardo Pitta: a referência constante ao “mainstream”, à “crítica estabelecida”, ao “mandarinato” cultural. Pena não haver nomes. Além disso, fica a sensação de que para Pitta escrever na LER e no PÚBLICO não é fazer parte do “mainstream”». Pena não haver nomes? Serão necessários? Será que Mexia se esqueceu do seu? É que a mesa de apresentação de um livro pode ser um lugar tão promíscuo como uma cama para três. E já agora, para evitar esta promiscuidade, será que não há outra pessoa para escrever sobre poesia ou sobre ensaios sobre poesia, no Público, senão Pedro Mexia? Será tão difícil ao Público arranjar outro colaborador que escreva sobre poesia? Ou Mexia tem cátedra?
Escrevo isto a propósito da interessante e promíscua história entre Eduardo Pitta e Pedro Mexia. Quarta-feira, 10, na Fnac do Chiado, Pedro Mexia apresentou o livro de Eduardo Pitta Aula de Poesia (Quetzal, 2010). Na mesa, para além de Mexia e Pitta estava o editor da Quetzal, Francisco José Viegas (que além de editor é também director da revista Ler, onde escrevem Pitta e Mexia). Está tudo bem documentado aqui, no blogue Da Literatura, que agora é domínio exclusivo de Pitta. Ora no livro Aula de Poesia, uma reunião de pequenas recensões sobre poesia publicadas na revista Ler e no Público, existe um texto sobre Pedro Mexia. Não seria esta uma razão suficiente para Pitta não convidar Mexia para a apresentação do seu livro, ou para Mexia declinar o convite? Não, não foi. Mas o mais estranho é que o suplemento ípsilon do Público de hoje publica a crítica de Mexia ao livro de Pitta (reproduzida no blogue de Pitta). No Público, no final do texto de Mexia, uma pequena nota informa o leitor que «Este texto foi lido por Pedro Mexia na apresentação de “Aula de Poesia”». Mexia deu três estrelas ao livro de Pitta, sendo crítico em relação a este, principalmente na forma como o autor de Comenda de Fogo aborda a geração de Mexia, sendo o próprio Mexia nela incluído. Dando uma no cravo, outra na ferradura, é interessante a forma como Mexia termina o seu texto: «A última nota vai para esse hábito essencial ao sarcasmo de Eduardo Pitta: a referência constante ao “mainstream”, à “crítica estabelecida”, ao “mandarinato” cultural. Pena não haver nomes. Além disso, fica a sensação de que para Pitta escrever na LER e no PÚBLICO não é fazer parte do “mainstream”». Pena não haver nomes? Serão necessários? Será que Mexia se esqueceu do seu? É que a mesa de apresentação de um livro pode ser um lugar tão promíscuo como uma cama para três. E já agora, para evitar esta promiscuidade, será que não há outra pessoa para escrever sobre poesia ou sobre ensaios sobre poesia, no Público, senão Pedro Mexia? Será tão difícil ao Público arranjar outro colaborador que escreva sobre poesia? Ou Mexia tem cátedra?
(foto respigada do Da Literatura)
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