Há as mulheres cultas
E afamadas prostitutas,
Mulheres argutas
que se entregam a disputas,
A um povo - são poetisas,
Herdeiras, eternas artemisas
Que perderam as maneiras
E desgrenham cabeleiras
Em as lutas, tão guerreiras,
com as maduras-ultras,
Intelectuais robustas,
Exibindo-se, perfeitas,
Em lugares social
E moralmente limpos,
E abraçam os amigos
Que as bajulam no jornal
E as titulam «Marginal»!
*
«Mirror on mirror mirrored
is all the show» - W. B. Yeats
Encontrei o Cesariny na Alsaciana.
Egrégio ou não não trazia o anão britânico
P' la mão. Desenhei um na margem do jornal.
Rasguei-o cuidadosamente
E convidei-o: «Queira sentar-se»
Ali ficámos três decisivamente pelo chá
Pelas torradas e conversas literárias.
Viria então, assegurou o anão, enorme
Um rapaz azul alado (dos que andam aí
Pelos poemas) pô-lo ao corrente dos esquemas.
Esgotou-se a noite e o rapaz não veio.
Despediu-se britanicamente o anão
Deixando na mesa a rosa que trazia na mãozinha.
Deitou-se à última chávena que o Cesariny bebeu.
Suicidou-se, penso eu.
Ana Curado, Sião, antologia de poesia organizada por Al Berto, Paulo da Costa Domingos e Rui Baião, Frenesi, Lisboa, 1987, pp. 142-143.
De Ana Curado apenas conheço quatro poemas publicados em Sião, e dois publicados no Anuário de Poesia 1985 (ed. Assírio & Alvim). O livro anunciado na nota publicada em Sião, Poemas de Ana Curado, nunca terá sido publicado, infelizmente.
E afamadas prostitutas,
Mulheres argutas
que se entregam a disputas,
A um povo - são poetisas,
Herdeiras, eternas artemisas
Que perderam as maneiras
E desgrenham cabeleiras
Em as lutas, tão guerreiras,
com as maduras-ultras,
Intelectuais robustas,
Exibindo-se, perfeitas,
Em lugares social
E moralmente limpos,
E abraçam os amigos
Que as bajulam no jornal
E as titulam «Marginal»!
*
«Mirror on mirror mirrored
is all the show» - W. B. Yeats
Encontrei o Cesariny na Alsaciana.
Egrégio ou não não trazia o anão britânico
P' la mão. Desenhei um na margem do jornal.
Rasguei-o cuidadosamente
E convidei-o: «Queira sentar-se»
Ali ficámos três decisivamente pelo chá
Pelas torradas e conversas literárias.
Viria então, assegurou o anão, enorme
Um rapaz azul alado (dos que andam aí
Pelos poemas) pô-lo ao corrente dos esquemas.
Esgotou-se a noite e o rapaz não veio.
Despediu-se britanicamente o anão
Deixando na mesa a rosa que trazia na mãozinha.
Deitou-se à última chávena que o Cesariny bebeu.
Suicidou-se, penso eu.
Ana Curado, Sião, antologia de poesia organizada por Al Berto, Paulo da Costa Domingos e Rui Baião, Frenesi, Lisboa, 1987, pp. 142-143.
De Ana Curado apenas conheço quatro poemas publicados em Sião, e dois publicados no Anuário de Poesia 1985 (ed. Assírio & Alvim). O livro anunciado na nota publicada em Sião, Poemas de Ana Curado, nunca terá sido publicado, infelizmente.
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