quinta-feira, fevereiro 03, 2011

PRAÇA THARIR


Nos últimos dias a Praça Tharir (Praça da Libertação) tem sido o ponto para onde convergem todos os manifestantes contra o regime de Mubarak. (Ontem apareceram os manifestantes pró-Mubarak, o que resultou em inevitáveis confrontos, com pelo menos 5 mortos e 800 feridos). A Praça Tharir, no Cairo, é o Egipto; é como se um país imenso se transformasse apenas numa praça, ai joga-se tudo politicamente. Dos edifícios junto à Praça da Libertação a comunicação social de todo o mundo observa a multidão, os confrontos. Como num teatro. Os militares assistem sem intervir.
Nestes dias a Praça Tharir tornou-se num misto de Agora grega e teatro. Aqueles que acedem à Praça transformam-se nos cidadãos, mas não os cidadãos como na antiga democracia grega que discutiam os assuntos da cidade. É através da sua presença física contra um regime fraudulento e ditatorial que os manifestantes se tornam cidadãos, homens e mulheres dispostos a tudo, inclusive a sacrificar as suas vidas. Fazer política num regime ditatorial implica arriscar o corpo (à tortura, às balas, ao cansaço, etc), é a vida de cada um que se joga. Foi assim em Tianamen há vinte anos, é agora – para já de forma diferente – na Praça Tharir.

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