A escola da Fontinha, no Porto, voltou ontem
a ser ocupada pelo movimento Es.Col.A. A ocupação teve um carácter quase simbólico:
hoje a escola estava de novo desocupada e trabalhadores da C. M. do Porto
emparedavam a escola. Por outro lado, a ocupação de ontem pelo movimento
Es.Col.A fez-se num dia demasiado simbólico para que houvesse confrontos entre
polícia e ocupantes, o 25 de Abril. De certa forma a ocupação de ontem
correspondeu a um acto revolucionário, como se se tratasse já não de comemorar
o 25 de Abril, mas de re-fazer o 25 de Abril – e isto numa altura em que
algumas personalidades se manifestaram a favor de um novo 25 de Abril. Perante
isto torna-se pertinente citar o que José Neves escreve hoje no jornal i:
A Escola da
Fontinha não é simplesmente nome de um projecto social, cultural ou educativo.
(…).A Escola da Fontinha é antes de mais, de onde eu a vejo, o nome de um
projecto de poder (ou de antipoder, se preferirem) que se caracteriza por
assumir uma natureza económica e política radicalmente democrática (ou
anarquista, se preferirem). E é isto que a singulariza. Do ponto de vista económico, a Fontinha não é enquadrável em
nenhuma das duas alternativas que tomaram conta do debate económico no espaço
mediático dominante. Essas duas alternativas rezam que ou as coisas pertencem à
ordem pública regida pelo Estado ou pertencem a uma esfera privada oleada pelos
mecanismos de mercado.
O que é ameaçador para o poder político e económico é que novas escolas da Fontinha surjam, que os cidadãos façam alguma coisa para além daquilo que lhes é pedido (votar, fazer donativos para acções de caridade, consumir, pagar os impostos). Por isso o exemplo da Es.Col.A pode ser a semente de algo de novo
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