Nos
anos 80 reivindicavam o direito à diferença. Ainda a polícia psiquiátrica não
tinha chegado completamente a acordo para retirar a homossexualidade dos seus
manuais. Depois vieram as fantasias (sexuais) das feministas transformadas em
teorias, os gay studies, os queer studies invadindo as universidades. A ordem
não era só para sair do armário – era também criar algo a que se chamou, do
outro lado da barricada, “agenda gay”. Os gays passavam a imitar os casais
heterossexuais, mostravam a sua ternura para a televisão como arma de arremesso.
Era, é ainda e cada vez mais, o supremo do kitsch. Numa altura em que os casais
hétero se divorciam, eles querem casar e ser mamã e mamã, papá e papá de uma
criança raptada legalmente por uma assistente social. E têm o direito de fazê-lo.
Não é por ai que anda o problema. O problema começa na forma acirrada, na
imitação histérico-fundamentalista de um talibã quando acedem ao chamado espaço
público. E são apenas uma minoria dentro de outra minoria, além das tais
feministas, aparentemente heterossexuais, as mais histéricas. Ora, numa altura
em que se iniciou uma campanha, que além de eleitoral, tenta provar que este
neo-liberalismo criminoso é mesmo a receita triunfante, que melhor coelho
podiam os consultores de comunicação do PSD tirar da cartola que um referendo
que metesse homossexuais e as suas madrinhas ao barulho? E já se sabe: do outro
lado vão estar os ratos de sacristia, as famílias numerosas em nome de Deus,
etc. Tudo isto já foi visto em programas de televisão com bastante audiência e
peixeirada. Foi uma ideia genial (adopta, não adopta); já passou na Assembleia
da República, agora falta o parecer do Tribunal Constitucional e do Aníbal. Se
conseguir passar estes dois obstáculos, o referendo vai embalar o bom e manso
povo português até à troika se ir embora.
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