Vivemos uma
época de crise económica que talvez seja a maior que atinge os portugueses
depois do 25 de Abril de 74. Essa crise tem levado muitas famílias a privações
alimentares, ou dito doutra forma, a passar fome. A RTP tem uma longa história
de programas culinários de duvidosa intenção. Nos últimos anos esses programas
têm sido protagonizados por alguns "chef's" proprietários de
restaurantes a que só uma minoria pode aceder. Os mesmos chefes tornaram-se
figuras públicas (Sá Pessoa, Avilez, etc), pretendendo-se passar a imagem de
que a alta cozinha é uma arte. Para cúmulo, a RTP apresenta agora um concurso,
Chefs Academy, apresentado por Catarina Furtado onde se pretende "formar"
Chefes. Tudo isto é ridículo e vergonhoso. Porquê tanto programa que pretende
ensinar os portugueses a cozinhar quando muitos passam fome? E não seria mais
natural, mais próprio de um serviço público de televisão, que fossem
nutricionistas que dessem alguma informação sobre uma alimentação saudável, com
alimentos baratos? Parece que não. Porque estes programas não são inocentes -
eles têm uma função política que decorre da ideologia neoliberal que está por
todo o lado. E a televisão é por excelência uma máquina de propaganda política.
Nestes programas os telespectadores são remetidos para a função de esfomeados
que se tornam mirones dos banquetes dos senhores. É este o estado a que
chegamos, e para o qual a televisão como aparelho ideológico do Estado dá o seu
importante contributo.
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