sexta-feira, abril 18, 2014

GABRIEL GARCIA MARQUEZ (1927-2014)



Gabriel Garcia Marquez não nasceu em Macondo, lugar imaginário onde se passa a acção do seu mais conhecido livro de ficção – Cien Años de Soledad (1967). Gabo, como era afectuosamente tratado, nasceu em Aracataca, na Colômbia, a 6 de Março de 1927. Morreu ontem na cidade do México, onde vivia há vários anos. Tinha 87 anos.
Antes de ser o consagrado autor que cunhou a expressão realismo mágico – que tantos escritores viria a influenciar –, o Prémio Nobel da Literatura em 1982, foi repórter. Mas o escritor que considerava o jornalismo “o melhor ofício do mundo” tornou-se crítico da forma como nas últimas décadas o jornalismo era praticado. Por exemplo, criticava o uso de gravadores e recusava dar entrevistas.
O ofício da escrita onde criou um mundo imaginário repleto de maravilhoso, o realismo mágico, terá sido bebido nas histórias que a sua avó Tranquilina e o avô, coronel Nicolás Marquez lhe contaram na infância. Se um contava o real da guerra civil, o outro contava o imaginoso mundo cheio de superstições. Desta mistura terá nascido o realismo mágico que em Cem Anos de Solidão atinge o seu cume. Esse realismo mágico que foi, entre outros, também praticado pelo escritor mexicano Juan Rulfo, e por muitos outros – entre os quais se poderiam referir alguns escritores portugueses.  
Em 1947 estreia-se na literatura com um conto publicado no jornal El Espectador, de Bogotá. Abandona o curso de direito para ser jornalista (a Obra Periodista de Gabriel Garcia Marquez está publicada em vários volumes). Em 1955 publica o romance La hojarasca (1955) e o livro de contos Olhos de Cão Azul. Ao todo são cerca de uma vintena de títulos, de entre os quais se destaca Cem Anos de Solidão, lido por cerca de 30 milhões de pessoas, mas também Amor nos Tempos de Cólera (1985).
A obra de Gabriel Garcia Marquez não beneficiou, junto de certa intelectualidade, de ser um best-seller. Muito pelo contrário, como é natural nestes casos, onde um certo preconceito se estende sobre tudo o que obtém sucesso. No entanto, o estilo de Garcia Marquez marcou leitores e criou epígonos. E nem sempre foi um fogo-de-artifício de realismo mágico – leia-se a pequena novela Ninguém Escreve ao Coronel (1957), perfeita na sua secura.   

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