E de
repente, na noite eleitoral americana de 8 de novembro, tudo mudou. O
impossível, que era completamente possível mas os média não queriam ver,
aconteceu: Donald Trump ganhou a corrida à casa branca como a tartaruga ganhou
à lebre. A Europa não percebeu como foi possível a derrota de Hillary Clinton –
nem ela percebeu. O escândalo ainda dura. Os próximos quatro anos podem ser
perigosos para o mundo com um palhaço de implante capilar esquisito à frente do
mais importante país do mundo. Como foi possível, continuam a interrogar-se os
americanos bem-pensantes. Donald Trump tinha tudo contra ele: desde as
sondagens que davam a vitória à senhora Clinton, até todos os disparates
xenófobos, racistas e sexistas que afirmou durante a campanha. Para além disso
Trump é um homem de negócios, sem experiência política – o que vai ele fazer na
casa branca? Como é possível que alguém tão patético como Trump seja presidente
dos Estados Unidos? Como pode um palhaço ter o código do maior arsenal nuclear
do mundo? Enfim, multiplicam-se as interrogações. Mas embora a maioria dos
americanos não tenha votado nele – Trump ganhou porque o sistema antiquado e
imperfeito, mas tão valorizado pelos europeus, da democracia americana assim o
permite –, demasiados americanos votaram nele. Porquê? Porquê tanta gente a
aderir a um discurso como o de Trump depois de há quatro anos terem reelegido Barak
Obama? A pergunta parece não ter resposta. Ainda mais se a tudo isto juntarmos
o facto dos média norte-americanos (e claro, dos europeus) estarem a favor Hillary
Clinton. Perante este último facto, parece-me estarmos frente a uma estranha
desobediência mediática colectiva. Ou seja, muitos eleitores votaram contra as
elites. O problema é que as elites não parecem perceber que são um problema – é
contra elas que aparecem os discursos populistas. E o problema real que o mundo
vai enfrentar, com ou sem elites, com ou sem populismo é o de ter Donald Trump
na Casa Branca.
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