Ela arrebatou-me o manto,
E logo lhe perguntei:
Porque me detestas tanto?
Ao que ela me respondeu:
Porque é que passas, ó rei,
Sem dares saudação,
Não basta beberes-me o sangue
Que te aquece o coração?
*
Só eu sei quanto me dói a separação!
Na minha nostalgia fico desterrado
À míngua de encontrar consolação.
À pena no papel escrever não é dado
Sem que a lágrima trace, caindo teimosa,
Linhas de amor na página da face.
Se o meu grande orgulho não obstasse
Iria ver-te à noite; orvalho apaixonado
De visita às pétalas da rosa
In O Meu coração é Árabe - a poesia luso-árabe, Sel. Trad. e prefácio de Adalberto Alves, Assírio & Alvim, 1987.
Al-Mu´tamid nasceu em Beja, em 1040, no seio de uma família de poetas. Foi rei da taifa de Sevilha, e é considerado como o mais importante poeta da poesia Luso-Árabe e do Al-Andaluz.
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