terça-feira, abril 26, 2016

MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO



Há entre Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa mais que uma amizade. Sá-Carneiro poderá ter sido prejudicado por essa pequena multidão de gente que habitava a mente e o génio de Pessoa. Demasiado ofuscante para toda a poesia que viria depois, Mário de Sá-Carneiro terá sido a primeira “vítima” de Pessoa. Sá-Carneiro foi quase um heterónimo de Pessoa. Mas, por outro lado, Pessoa foi o duplo de Sá-Carneiro, a alteridade em que se funda a poesia moderna, pelo menos desde Rimbaud (o outro, “Aqueloutro”).
E, no entanto, há um caso Mário de Sá-Carneiro na literatura portuguesa que tem sido sombreado pela imensa complexidade – em todos os sentidos – do caso Pessoa. E Sá-Carneiro, de mais breve vida, de obra publicada em vida e com poucos inéditos, não deixa de ser um caso único na unicidade da sua obra a que se liga um ou outro biografema, quando não se tenta fazer uma interpretação da obra pela biografia ou vice-versa. A orfandade materna, o dinheiro, os cafés, Paris… e o suicídio, a 26 de Abril de 1916, que parece ter sido uma encenação para um espectador – João Araújo.
Mas para além de tudo isto, há uma obra de extrema riqueza, quer a nível poético quer ficcional. É essa obra, escassa, que tem vindo a ser descurada, talvez em proveito de um mito que o jovem suicida alimenta. Ou, simplesmente a literatura de Mário de Sá-Carneiro, hoje, cem anos após o seu suicídio, ainda não foi entendida. Como defendem vários especialistas na obra do “esfinge gorda” na edição de hoje do Público (pp. 24-25), terá sido Sá-Carneiro a abrir caminhos para a obra pessoana. Repare-se num poema como Manucure (datado de Maio de 1915), “semifuturista” mas algo de único na literatura portuguesa, na sua ligação às vanguardas de princípios de século. E algo de único também entre o barroco e a poesia experimental. É claro que a literatura, nem a sociedade, portuguesa estava preparada para ter um Mário de Sá-Carneiro – e provavelmente ainda não está. Mário de Sá-Carneiro sabia que escrevia para o futuro, o que espanta é como esse futuro tem andado alheado desta escrita. Será porque ainda não a compreendeu? 

sábado, abril 16, 2016

O JORNALISTA NÃO MORDE O DONO

 
Sexta-feira foi noticiado no Jornal de Notícias a discussão e aprovação de uma lei que partiu de um projecto de iniciativa cidadã com cerca de 157 mil assinaturas. O projecto de lei dizia respeito ao fim do período de fidelização de 24 meses dos serviços das operadoras de telecomunicações. Como bem escrevia o subdirector do JN, David Pontes, "sempre que vierem à baila os interesses de grandes empresas, preparemo-nos para a sintonia entre os dois grandes blocos [PS e PSD] e a completa nulidade da ação dos reguladores". Portanto, a referida tentativa de acabar com o abuso que é o período de fidelização de 24 meses saiu em parte gorada porque PS e PSD formam, ainda, um bloco central que serve os interesses das grandes empresas. No entanto, algo mudou. O que não mudou, antes pelo contrário, foi a forma como os média noticiam estes acontecimentos. Se o JN deu relevo a esta iniciativa, que mobilizou 157 mil pessoas, já o Público a ignorou por completo (não falo dos outros jornais e telejornais que não consultei nem vi). Torna-se fácil perceber porque razão esta notícia não saiu no Público: o jornal é propriedade da sonae, o mesmo grupo empresarial que detém uma das operadoras de telecomunicações em Portugal, a actual Nos. O que está em questão é a independência editorial de um jornal que se tem como jornal de referência perante o seu dono. Mais: sendo as operadoras de telecomunicações um dos principais clientes, a nível publicitário, de televisões e jornais, qual a independência editorial dos média perante estas grandes empresas? Ou estamos todos, desde consumidores a partidos políticos, reféns dos interesses destas empresas? Na resposta a esta pergunta, creio, está também a resposta à pergunta sobre a nossa liberdade, e em última instância sobre quem verdadeiramente nos governa.  

terça-feira, abril 12, 2016

Inês Fonseca Santos

 

Eis a língua terrível,
incendiada, densa,
de encontro ao verso;

a língua de lamber
da mão a ferida aberta
no encontro do verso.

Nessa língua, saberás falar: a boca
aberta com o abismo dentro

como se alguém estivesse realmente
à escuta do outro lado.

Do outro lado:
um tiro na cabeça do verso,
estilhaçando a voz.

Sem colete à prova de bala

Inês Fonseca Santas, O Voo Rasante - Antologia de poesia contemporânea, Mariposa Azual, 2015, p. 62
Inês Fonseca Santos (1979) é jornalista cultural, com quase total dedicação aos livros. Publicou uma antologia do humor português e, no campo da poesia editou os livros As Coisas (abysmo, 2012) e Habitação de Jonas (abysmo, 2013). É ainda autora de um estudo sobre a obra de Manuel António Pina: Regressar a Casa com Manuel António Pina (abysmo, 2015).

domingo, março 13, 2016

A ANACOM OS GRANDES



 
A Ana não vai com todos. Vai só com os poderosos, como uma puta cara. É assim a ANACOM, a Autoridade Nacional para as Comunicações, órgão do Estado que tem por função regular as ditas comunicações – desde a TDT aos serviços de voz e internet das grandes operadoras (meo, vodafone, nos). Vejamos o que fez a ANACOM no diz respeito à TDT. Obrigou os telespectadores a comprar caixas de descodificação do sinal da TDT. Em muitas regiões do país o sinal ainda não chega ou chega mal. Eu, que vivo no litoral norte, a poucos quilómetros do Porto, tenho tido nos últimos dias dificuldade em ver tv porque o sinal chega mal. E quem ficou com as bandas que serviam o antigo sinal de televisão, os saudosos VHF e UHF? As operadoras de telemóvel. Por aqui já podíamos ver para que serve a ANACOM – para servir os interesses das três grandes operadoras de telemóveis, tv por cabo, etc, enfim os três grandes grupos que dominam as telecomunicações em Portugal( no caso da televisão o exemplo português é vergonhoso: apenas um canal foi acrescentado na TDT – o Canal Parlamento, enquanto em Espanha, e noutros países, uma série de canais foram acrescentados). Mas o descaramento e servilismo desta entidade reguladora estatal que devia representar os interesses dos cidadãos vai muito mais longe.  Basta esta expressão: “utilização responsável”. Que quer isto dizer? Que o utilizador de um determinado tarifário de internet ou telemóvel tem x GB ou minutos para utilizar a internet ou o telemóvel. Quando ultrapassa, por exemplo, em certos tarifários os 15 GB de internet a mesma é-lhe cortada, ou passa a uma velocidade tão baixa que é impossível ligar-se a qualquer site. O mesmo acontece com tarifários de telemóvel: se ultrapassar x minutos fica incomunicável.
É interessante trazer toda esta realidade promovida pelo neoliberalismo, quando ouvimos os pseudo-palermas das start-ups e alegados “gurus” da internet como António Câmara falar da internet das coisas – os objectos com dispositivos que os tornam “inteligentes” e “comunicantes”.
Mas importa regressar à ANACOM,  a essa entidade presidida por uma tal Maria de Fátima Henriques da Silva Barros. Agora que parece ter acabado o fartote neoliberal do governo de Passos Coelho, é altura de fazer com que a ANACOM se torne uma entidade ao serviço dos cidadãos e não dos poderes económicos das grandes operadoras de telecomunicações. Para isso deve este governo começar por substituir a actual presidente da ANACOM, a tal senhora Fátima Barros, e colocar alguém capaz de afrontar o poder económico.

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

COSTA E A PROMESSA DA POLÍTICA



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O que seria de esperar de um governo do PS apoiado pela esquerda – BE e PCP? Seria de esperar a reversão da maioria das medidas tomadas pelo governo de destruição nacional PSD/CDS. Senão todas agora pelo menos até ao fim provável da legislatura, daqui a quatro anos. Mas não. Este governo de António Costa é maquiavélico, no sentido em que apenas pretende o poder pelo poder, o governar por governar, porque é para isso – acham – que serve um partido como o PS. Engano. As pessoas, os portugueses, os alegados eleitores estão, com razão, fartos de uma classe política que da direita à esquerda apenas quer o poder, mesmo que para isso se tenha que desfigurar na sua identidade ideológica. Já tínhamos o exemplo grego de Alexis Tsipras, que em pouco tempo se transformou de um radical que ameaçava a ordem podre e anti-democrática da UE num amestrado político às ordens de frau Merkel e dos interesses financeiros. Agora tivemos António Costa a liderar um governo PS, apoiado pela primeira vez na história da democracia constitucional portuguesa pós 25 de Abril por todos os partidos à sua esquerda (BE, PCP, PEV, PAN), a ir ao beija-mão a frau Merkel. O mesmo Costa que dá despudoradamente conselhos aos portugueses para andarem mais a pé ou não fumarem é o simile na administração da vida do que Passos Coelho foi na destruição de vidas.
Um governo socialista, um governo apoiado por uma maioria de esquerda, sim. Mas não era nada disto que estávamos à espera. Não estávamos à espera de OE que continuasse a austeridade, não estávamos à espera que um governo socialista pagasse mais de 2 mil milhões de euros para “vender” um banco falido – isso já tínhamos visto no governo de Passos Coelho.
Passaram pouco mais de dois meses sob a tomada de posse deste governo de António Costa que nunca chegou a conhecer o estado de graça, embora fosse tão promissor para quem não tinha acompanhado o percurso dos últimos meses do ex-presidente da CM de Lisboa – das primárias do PS às eleições legislativas, Costa revelou que não é o mesmo comentar as políticas dos outros que estar no terreno, a fazer política. Se seguro era inseguro, também Costa veio revelar-se titubeante sendo incapaz de impor os interesses dos portugueses em Bruxelas. Era isso o mínimo que podíamos pedir a António Costa – que representasse os interesses dos portugueses (que não são bem os interesses de Portugal) em Bruxelas de forma combativa e não de cócoras ou ajoelhado.
Mas talvez isso fosse pedir muito. Talvez isso, nestes tempos que vivemos de políticos que se acobardam perante os deuses dos mercados e a sua sacerdotisa Angela, fosse pedir um messias que afrontasse essas entidades que governam o nosso destino. Mas isso é tão só o mínimo que podemos (sim, Podemos) pedir a quem nos governa. Porque isso é política, “a promessa da política” que poderemos ter uma vida melhor. Mas o que a chamada classe política tem feito é governar contra as pessoas, a favor de uma elite em que ela mesma se inclui. Espantam-se os políticos com o nível de abstenção? Mas porque devem as pessoas ir votar? Para financiar os partidos ou os candidatos?
Mas isso não significa que as pessoas se devam arredar da política. Em primeiro lugar porque a política faz-se em todo o lado e não só na altura de depositar o voto na urna – a política habita o espaço público, das manifestações aos pequenos protestos nos livros de reclamações. Em segundo lugar cabe aos cidadãos numa democracia parlamentar vigiar e denunciar não só o que acham que é corrupção, mas também, e sobretudo, o que pode pôr em risco a democracia como espaço de liberdade de expressão e acção (dentro das regras de um estado de direito). Esta é a “promessa da política” a que António Costa parece estar a faltar. Esperemos pelo caso espanhol e o que pode o Podemos.




quinta-feira, dezembro 31, 2015

LIVROS EM 2015

 
Num programa televisivo, como 5 para a meia-noite, desfilavam livros a ponto de um espectador incauto, ou sem som na televisão, julgar por momentos estar perante um programa literário. 5 para a meia-noite é um programa de entretenimento, um talk-show em horário late night. Por ali passam figuras públicas: actores, músicos, enfim os cromos da sociedade de espectáculo. É isto sintomático de como funciona a edição e a leitura actualmente em Portugal (e não só): as editoras pedem a figuras públicas que escrevam livros, ou então quando estes não os sabem escrever há sempre um escritor fantasma para os escrever (o que deve de acontecer na maioria dos casos). Pretende-se que o grande público, ignorante da literatura, compre livros nas grandes superfícies pelo reconhecimento de uma figura pública cuja notoriedade nada tem a ver com a literatura. Mesmo no caso do jornalismo, cujo paradigma de sucesso é José Rodrigues dos Santos, a maior parte das vezes não corresponde a nenhum talento literário, seja isso o que for, mas a uma imagem e ao reconhecimento dessa imagem pelos compradores de livros. Esta situação, em que o livro é um objecto de consumo cujo reconhecimento resulta de factores externos ao campo literário, tornando-o mais uma mercadoria sujeita às regras do marketing, resulta também da perda de espaço crítico nos jornais (esses que estão em vias de extinção) ou noutros média. Quando um ou outro programa radiofónico ou televisivo aborda a literatura, os livros, fá-lo numa perspectiva superficial e apenas informativa (a excepção talvez seja Luís Caetano na Antena 2). Perante isto as poucas livrarias que restam vão-se enchendo de lixo, e a oportunidade que um escritor poderia esperar está também restrita a prémios como o Leya, que funciona com a mesma lógica já esboçada. Restam os blogues, mas estes perderam espaço para esse monstro que os média têm alimentado, e que dá pelo nome de facebook. Ora o facebook é o contrário de qualquer espaço crítico. Ele cria uma aparente utopia, que é uma distopia, onde só há espaço para dizer "gosto", para o breve elogio que nada acrescenta. Portanto, o espaço da polémica, do diferendo, da crítica, que é por natureza mesmo quando se trata de cultura ou literatura um lugar político, está a desaparecer. O mais grave de tudo isto é a criação de um pensamento único, correspondente e irmão gémeo da TINA nas políticas económicas, que não permite a liberdade da expressão do pensamento. E este espectro que paira sobre nós, para parafrasear Marx, ultrapassa os lugares da cultura para se disseminar pela sociedade, principalmente onde existem relações assimétricas e de poder. Ou seja: estamos a perder a liberdade. 

Deixando estas questões, e restringindo-me ao que foi publicado em livro impresso (os e-books são outra questão que quero ignorar) em 2015, optei por uma abordagem do sector mais fraco da edição: a poesia. Apresento mais abaixo uma lista do que me foi possível reunir através de blogues, sites, suplementos literários. É uma lista incompleta e talvez com certa imprecisões, mas a possível. A poesia, no ano da morte de Herberto Helder (e também Vítor Silva Tavares), continua a ser algo extremamente minoritário, cujos livros apenas se vendem em poucas livrarias, tornando o mapeamento da sua edição algo bastante difícil. A isso corresponde, naturalmente, a dificuldade que os poucos leitores de poesia têm em aceder aos livros. Uma forma de contornar isto está nas revistas, como a Telhados de Vidro ou a Relâmpago, com uma existência já longa, mas também nas reuniões de poetas, colectâneas que dão a conhecer novas poéticas e novos poetas. De destacar duas publicadas este ano, e creio que ignoradas pelos dois suplementos literários que restam na imprensa portuguesa. Voo Rasante, publicado pela Mariposa Azual (editora que este ano publicou sete livros de poesia, batendo em número a Averno - 6 - e a Assírio & Alvim com 6) é uma montra que mescla autores conhecidos com outros desconhecidos ou até inéditos. Não se percebe porque razão a editora e coordenadora do livro, Helena Vieira, lhe chamou antologia. A outra colectânea foi publicada pela Língua Morta com o título de Hidra. Não se destaca tanto pela quase dezena de poetas que nela participam, mas pela presença de António Guerreiro que será o crítico mais acutilante e lúcido da "praça" (veja-se a sua crónica no semanal no Público). Neste sentido parece haver uma perca de espaço e influência dos chamados "poetas sem qualidade" e do "grupo" que gira em volta de Manuel de Freitas (que este ano reuniu uma série de ensaios sob o título Incipit, e foi alvo de mais uma antologia - desta vez de Rui Pires Cabral). Também por isso não podemos descurar outras editoras e outros autores. Miguel-Manso que publicou Persianas na Tinta da China ou Paulo da Costa Domingos com Cal (Averno) ou ainda Armando Silva Carvalho com A sombra do mar (Assírio & Alvim). Entre as cerca de dez editoras que vão publicando poesia, destaque-se duas: a 50 kg e a não (edições). A primeira, do Porto, de Rui Azevedo Ribeiro, faz do livro um objecto artesanal, impresso com caracteres móveis impõe-se como forma de resistência às tecnologias digitais. Foi, curiosamente ou não, na 50 kg, que Vítor Silva Tavares, um dos últimos Editores portugueses publicou Púsias, volume de versos, poucos meses antes de desaparecer. Quanto à não (editores) tem vindo a publicar pequenos livros de poetas, uns já conhecidos outros desconhecidos ou em estreia e outros em tradução. Este ano terá publicado mais de meia dúzia de livros, entre os quais traduções de Lauren Mendinueta e Pablo Javier Perez Lopes. 

Segue-se a lista. Na ficção e no ensaio apenas uma selecção de alguns dos livros publicados em 2015. De fora ficaram as traduções.

POESIA PORTUGUESA
Herberto Helder - Poemas Canhotos - Porto Editora
Vítor Silva Tavares - Púsias - 50 kg
Anónimo - Fósforo de Anónimo - 50 kg
Carlos Alberto Machado - Pôr as pernas do lado da cabeça e partir - 50 kg
Rui Caeiro - Deus e outros animais - Averno
António Barahona - Pássaro-Lyra - Averno
Paulo da Costa Domingos - Cal - Averno
Vítor Nogueira - Amanhã logo se vê - Averno
Abel Neves -Úsnea - Averno
Telhados de Vidro nº 20 (com a plaquete de Adília Lopes Comprimidos) - Averno
Gastão Cruz - Óxído - Assírio & Alvim
Rui Pires Cabral - Morada - Assírio & Alvim
Ana Luísa Amaral - E todavia - Assírio & Alvim
Armando Silva Carvalho - A sombra do mar - Assírio & Alvim
Adília Lopes - Manhã - Assírio & Alvim
Luís Quintais - Arrancar penas a um canto de cisne - Assírio & Alvim
Andreia C. Faria - Um pouco acima do lugar onde melhor se escuta o coração - Artefacto
Luís Amorim de Sousa - Mera distância - Artefacto
Daniel Francoy - Calendário - Artefacto
Sónia Balacó - Constelações -Mariposa Azual
Ricardo Domeneck - Medir com as próprias mãos a febre - Mariposa Azual
João Bosco da Silva - Trepanações de Jerónimo Bosh- Mariposa Azual
Sónia Baptista - Tempus fugit - Mariposa Azual
AA VV - Voo Rasante - Mariposa Azual
Marília Garcia - Um teste de resistores - Mariposa Azual
Elisabete Marques - Cisco - Mariposa Azual
Duarte Drumund Braga - Voltas do Purgatório - Língua Morta
AA VV - Hidra - Língua Morta
Rui Manuel Amaral - Polaróide - Língua Morta
Nuno Júdice - A convergência dos ventos - D. Quixote
Miguel-Manso - Persianas - Tinta da China
José Ricardo Nunes - Andar a par - Tinta da China
Pedro Mexia - Uma vez que tudo se perdeu  - Tinta da China
Manuel de Freitas - Sunny Bar (antologia org. por Rui Pires Cabral)- Alambique
José Carlos Soares - Rã - Alambique
Marta Chaves - Perda de inventário - Alambique
Inês Lourenço - O segundo olhar (antologia org. por J. M. Teixeira Silva) - Companhia das Ilhas
Nunes da Rocha - Sabão offbach - & etc
Miguel Cardoso -  À barbarie seguem-se os estendais - & etc
João Miguel Fernandes Jorge - Mirleos - Relógio d´ Água
Frederico Pedreira - Presa Comum - Relógio d' Água
Helder Macedo - Romance - Presença
Miguel Castro Caldas - Chaconne ou a arte de mudar de assunto - Douda Correria
Miguel Carvalho - No princípio não era o verbo - Debout Sur L'Oeuf
manuel a. domingues - Baço - Ed. Medula


Rui Pires Cabral - Elsewhere / Alhures - não (edições)
Ricardo Tiago Moura - 1 gato para 2 - não (edições)
Sónia Baptista - E na queda repousar - não (edições)
Rita Natálio - Artesanato - não (edições)
Ricardo Marques - Metamorphoses - não (edições)
Manuel Alberto Valente - Poesia Reunida - Quetzal

FICÇÃO PORTUGUESA

Teresa Veiga- Gente melancolicamente louca - tinta da china
Fernando Assis Pacheco - Bronco-angel: o cowboy analfabeto - tinta da china
Gonçalo M. Tavares - O torcicologista, excelência - Caminho
_______________ - Notas sobre a Música - Relógio d' Água
Ana Teresa Pereira - Neverness - Relógio d' Água
António Lobo Antunes - Da natureza dos deuses - D. Quixote
Mário Cláudio - Astronomia - D. Quixote
Paulo Castilho - O sonho português - D. Quixote
Vasco Luís Curado - O país fantasma - D. Quixote
Clara Ferreira Alves - Pai nosso - Clube do Autor
Rui Zink - Osso - Teodolito
______ - O Destino Turístico - Teodolito
Francisco Duarte Mangas - Jacarandá - Teodolito
Julieta Mongino - Os filhos de K. - Teodolito
Alexandre Andrade - Quartos alugados - Exclamação
Vítor Nogueira - Amanhã logo se vê - Averno
Ana Cássia Rebelo - Ana de Amerterdam (sel. de textos do blogue com o mesmo título) - Quetzal

ENSAIO
José Gil - Os poderes da pintura - Relógio d' água
Manuel de Freitas - Incipit - Averno
Filipa Leal -Pelos leitores de poesia - Abysmo
João Barrento - Como um hiato na respiração - Averno
AA VV - Natural in verso - Mariposa azual
Marinela de Freitas - Emily Dickinson e Luiza Neto Jorge: quantas faces - Afrontamento
Joana Matos Frias - Cinefilia e cinefobia no modernismo português (vias e desvios) - Afrontamento






sexta-feira, dezembro 25, 2015

O PULHA DOS ÚLTIMOS ANOS

 
Numa altura em que os média fazem o balanço do ano e elegem as personalidades do ano, seria interessante, e necessário, eleger o pulha do ano. É certo que a revista Time elegeu como "pessoa de 2015" Angela Merkel, o que é natural para uma revista que já fez o mesmo com G. W. Bush, Vladimir Putin ou mesmo, em tempos mais recuados Hitler. De facto, a Time sempre tão subserviente ao poder tem elegido vários pulhas. Mas se Angela Merkel pode ser facilmente considerada como a pulha não só de 2015, mas dos últimos anos, no caso português temos também alguém que deve ter esse título - o pulha de 2015 -, mas também dos últimos anos. Não é difícil adivinhar de quem se trata. Exactamente: Pedro Passos Coelho. Essa nódoa na História do Portugal actual, que os meios de formação de massas têm tratado com algum carinho, é não só o pulha de 2015, mas de 2011, 2012, 2013 e 2014. Porque PPC, que finalmente deixou o governo na sequência das últimas eleições de Outubro, foi o destruidor em quatro anos e meio de um país. Não só destruiu o país. Destruiu a vida de muitos portugueses. O que Passos Coelho fez, com a ajuda de Cavaco Silva (outro candidato a pulha do ano, e dos últimos anos), Vítor Gaspar, Miguel Relvas, Maria Luís Alburquerque, Paulo Portas e outros, foi empobrecer Portugal a níveis dos tempos de Salazar. Os cortes nas pensões e prestações sociais como o RSI, o desemprego, a emigração...Mas também nenhuma hesitação em dar o dinheiro dos contribuintes para os banqueiros e os bancos que estes levaram à falência. Tornar Portugal (e os países do sul da Europa) num país cujo modelo económico era a China foi durante estes quatro anos o objectivo desta direita ultra-liberal. Mesmo depois de ter abandonado o governo, o caso Banif rebentou nas mãos do governo socialista com apoio da esquerda. Não se trata só de incompetência, mas de manifesta maldade, ou seja, de pura pulhice.

quinta-feira, novembro 26, 2015

DIA HISTÓRICO, MAS...

                Hoje, quarenta anos e um dia depois do 25 de Novembro de 1975, a esquerda regressou ao poder com a tomada de posse de um governo socialista apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP. É um apoio tímido, como tímido é este governo nas medidas que anuncia. E no entanto, o dia só por isso foi histórico. Mas foi também histórico porque hoje se pôs fim ao período de mais de quatro anos de governação de Passos Coelho, o pior e mais nefasto governo depois do 25 de Abril. E mesmo Cavaco teve a sua última intervenção pública de relevo. Agora cabe a António Costa fazer regressar o país à normalidade, aos partidos que apoiam este governo (BE e PCP) apoiá-lo nas suas medidas incipientes para esse regresso à normalidade. Mas Costa não terá uma tarefa fácil. Principalmente porque necessita do PCP como seu aliado, e o partido Comunista, centenário, há décadas com um constante discurso de oposição -  mesmo contra o PS -, a qualquer altura pode romper o acordo.