Giorgio Agamben esteve ontem em Serralves, para proferir uma conferência intítulada "Arte, inoperância, Política", a última do ciclo Crítica do Contemporâneo. E hoje vai estar outra vez para dialogar com o músico Stefano Scodanibbio. A obra do filosófo italiano pode ser vista sob dois pontos de vista: livros de carácter ensaístico como Ideia de Prosa ou Profanações (Livros Cotovia), em que o pensamento da Agamben é condensado em pequenos textos, por vezes um tanto herméticos, quase fábulas filosóficas e, livros que têm abordado uma das teses mais polémicas deste pensador, ou seja, a que compara a vida nos actuais Estados e cidades à vida nos campos de concentração nazi. Está neste caso a série de livros que tem por título Homo Sacer, de que em português apenas está editado o primeiro, O Poder Soberano e a Vida Nua (Presença). Ontem, em Serralves, Agamben abordou essencialmente o conceito de inoperância e inoperacionalidade. Para operacionalizar este conceito (será isto um paradoxo?) o autor de A Comunidade que Vem (Presença) foi buscar conceitos teológicos e, também, económicos. A conferência de Giorgio Agamben pareceu ser um resumo de algo que provalvelmente aparecerá em livro mais estruturado. Mas a ideia que me pareceu estar por detrás do conceito de inoperância, não parece ser nova: na sua essência andará próxima do Direito à Preguiça (Paul Lafargue) ou da inscrição situacionista "ne travaillez jamais".
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