O poder está presente nos mecanismos mais subtis da comunicação social: não apenas no Estado, nas classes, nos grupos, mas ainda, nas modas, nas opiniões correntes, nos espectáculos, jogos, desportos, informações, nas relações familiares e privadas e até nas forças libertadoras que tentam contestá-lo: chamo discursso de poder a todo o discursso que engendra a culpa e, por conseguinte, a culpabilidade daquele que o ouve"
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"Jakobson demonstrou que um idioma se define menos por aquilo que permite dizer do que por aquilo que obriga a dizer. Em francês sou obrigado a definir-me como sujeito antes de enunciar a acção que a partir desse momento será apenas o meu atributo: o que faço é apenas a consequência e a consecussão do que sou; do mesmo modo sou sempre obrigado a escolher entre o masculino e o feminino, o neutro e o misto são-me interditos; sou ainda obrigado a marcar a minha relação com outém recorrendo ao tu ou ao vós: é-me recusada qualquer indecisão afectiva ou social. Assim, devido à sua própria estrutura, a língua implica uma relação fatal de alienação. Falar, e com mais razão ainda discorrer, não é comunicar, como muitas vezes se diz, mas sim subjugar: toda a língua é uma regência generalizada"
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"A língua como performance de toda a linguagem não é nem reaccionária nem nem progressista; ela é pura e simplesmente fascista; porque o fascismo não consiste em impedir de dizer, mas em obrigar a dizer."
Roland Barthes, Lição, edições 70, 1979, pp. 14, 15 e 16
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