V. C. I.
O cântico dos carros sobe do asfalto.
Há quem venha espreitar a recolha do lixo
depois do jantar, enquanto fuma à janela,
respondendo para dentro à voz de criança
que chama no quarto,
ou mais perto,
àquele que diz haver pratos na mesa
por levantar.
Um ecrã em cada lar
emite luz amarela
como vela acesa
em cela de convento.
Rui Lage, Revólver, Quasi Edições, 2006, p. 40.
Rui Lage nasceu no Porto em 1975. É autor de quatro livros de poesia (todos publicados nas Quasi Edições: Antigo e Primeiro (2002), Berçário (2004), Revólver (2006) e Corvo (2009). Traduziu Paul Auster, Samuel Beckett e Pablo Neruda. Foi co-fundador e director da revista Águas Furtadas e é membro da direcção da Fundação Eugénio de Andrade. É actualmente doutorando em Literaturas Românicas na FLUP. Com Jorge Reis-Sá organizou para a Porto Editora a antologia Poemas Portugueses.
O cântico dos carros sobe do asfalto.
Há quem venha espreitar a recolha do lixo
depois do jantar, enquanto fuma à janela,
respondendo para dentro à voz de criança
que chama no quarto,
ou mais perto,
àquele que diz haver pratos na mesa
por levantar.
Um ecrã em cada lar
emite luz amarela
como vela acesa
em cela de convento.
Rui Lage, Revólver, Quasi Edições, 2006, p. 40.
Rui Lage nasceu no Porto em 1975. É autor de quatro livros de poesia (todos publicados nas Quasi Edições: Antigo e Primeiro (2002), Berçário (2004), Revólver (2006) e Corvo (2009). Traduziu Paul Auster, Samuel Beckett e Pablo Neruda. Foi co-fundador e director da revista Águas Furtadas e é membro da direcção da Fundação Eugénio de Andrade. É actualmente doutorando em Literaturas Românicas na FLUP. Com Jorge Reis-Sá organizou para a Porto Editora a antologia Poemas Portugueses.
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