Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís de Camões
Nota: é evidente que há muitos maus poemas, mesmo entre os poetas canónicos da literatura portuguesa, mas a cacafonia do primeiro verso associada à ideia e, sobretudo palavras (alma, minha, gentil, partiste), têm dado um forte contributo para o ódio à poesia, aprendido nas escolas por sucessivas gerações.
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís de Camões
Nota: é evidente que há muitos maus poemas, mesmo entre os poetas canónicos da literatura portuguesa, mas a cacafonia do primeiro verso associada à ideia e, sobretudo palavras (alma, minha, gentil, partiste), têm dado um forte contributo para o ódio à poesia, aprendido nas escolas por sucessivas gerações.
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