O PS tem um problema sério. Chama-se
António Costa. Costa era desde há anos o D. Sebastião do PS, o salvador de um
partido inseguro com a liderança de António José Seguro. Costa começou por
recusar a travessia no deserto num momento excepcional de crise para o país.
Não quis ser oposição nessa altura de extrema responsabilidade perante um
governo de liquidação nacional, o tal governo mais alemão do que o alemão e que
ainda nos governa. António Costa era por essa altura (finais de 2011, 2012,
2013) apontado como candidato do PS à presidência da República. Entre os paços
do concelho e Belém seria um percurso sem se molhar, sem se sujar na lama, um
percurso impecável – e que faria ainda mais sentido hoje, quando a menos de um
ano das Presidenciais o PS não sabe quem está disponível para concorrer a
Belém. Seria. Mas Costa, depois da vitória do PS nas autárquicas – uma vitória
com sabor a derrota – resolveu avançar, finalmente, contra Seguro: o líder
inseguro em quem ninguém acreditava. Fez bem, mas iniciou uma guerra dentro do
PS que não favoreceu o partido. Finalmente eleito, Costa apresentava-se como o
tal D. Sebastião regressado de Alquacer-Quibir. Mas a verdade é que D. Sebastião
nunca regressou de Alquacer-Quibir, e aqueles que se apresentaram como sendo o
rei de Portugal eram farsantes.
Ora, a actuação de António Costa
como líder do PS nestes últimos meses tem sido desastrosa. De Costa esperava-se
uma oposição forte ao pior governo de Portugal depois do 25 de Abril. Mas
António Costa tem mantido as funções de presidente da C. M. de Lisboa, e parece
ser mais edil da capital portuguesa que líder da oposição. De Seguro, havia
mais oposição, mesmo que desse a impressão que o António José por vezes parecia
um pudim flan. Mas havia oposição. E de António Costa que temos: a recente
gaffe (?) perante um grupo de empresários chineses, “Portugal está diferente
[entende-se melhor] que em 2011”. Agora
no grave assunto das dívidas de Passos Coelho à segurança social deixa a
desejar. O líder do PS devia pedir a demissão já do governo, o que aliás tinha
o mérito de antecipar as eleições legislativas para antes do verão, permitindo
ao PS (potencial vencedor) elaborar um Orçamento de Estado seu para 2016. O
problema de Costa é que ainda não tem programa, vai adiando as coisas. Ou seja,
sendo a política uma questão de atitude, de carisma, e precisando Portugal de
um líder forte, António Costa, nos meses que leva como secretário-geral do PS, não
tem revelado essa atitude. Olhem para a Grécia, vejam o Syriza; olhem para
Espanha, vejam o Podemos. Ai cresce uma nova forma de fazer política perante a
crise da social-democracia (entenda-se partidos filiados na Internacional
Socialista e não o PSD, que não é um partido social-democrata).
Sem comentários:
Enviar um comentário