Ao dizer “Não” no referendo do passado
domingo, os gregos disseram claramente não (oxi) às políticas de austeridade
impostas desde há cinco anos pela troika. Foi um não corajoso, porque as suas
consequências podem ser a saída da Grécia do Euro, com os inevitáveis efeitos
para a Grécia mas também para a restante Europa. Possivelmente já no próximo
domingo haverá quanto a isso uma decisão dos países do eurogrupo – será que
eles preferem cortar um dedo, sem saber quais as consequências, para extirpar o
mal fantasmático do Syriza alegadamente comunista? (na verdade o Syriza sendo uma
“coligação” de várias facções de esquerda, não é o Partido Comunista ortodoxo,
como o PCP em Portugal – existe na Grécia um partido comunista ortodoxo, o KKE).
O “efeito Syriza” trouxe democracia à União
Europeia, o mesmo é dizer que trouxe uma dura dor de cabeça aos tecnocratas
europeus habituados a lidarem com governos dóceis, como o português. Ora este “efeito
Syriza” não funciona sozinho – viu-se nos últimos meses a falta que fez ao
governo de Tsipras um aliado, como o Podemos espanhol. Perante a falta de
democracia nas instituições europeias e perante a conivência dos partidos
sociais-democratas/socialistas com essa ausência de democracia, faz falta uma nova
esquerda de que o espanhol Podemos é o mais significativo – e assustador
exemplo para o centro direita e centro esquerda.
Perante isto, e aconteça o que acontecer nas
próximas semanas em relação à crise grega, algo já mudou com a vitória do
Syriza em Janeiro passado. Falta que os cidadãos europeus ganhem confiança nos
partidos de esquerda europeus. Mas essa é uma tarefa muito difícil: não só pela
divisão existente entre estes partidos e movimentos, mas sobretudo porque os
meios de comunicação social têm privilegiado os partidos do statuo quo em detrimento de outros
actores políticos – veja-se quem são os comentadores políticos da televisão
portuguesa em sinal aberto.
A Europa foi construída por uma elite –
primeiro uma elite de políticos, depois uma “elite” de tecnocratas acéfalos e
obedientes, comandados pelos altos interesses empresariais e financeiros. É,
portanto, uma Europa feita pelo telhado, contra o povo que deveria ser a base
desta construção. Ora isso só pode ser resolvido através de uma nova esquerda,
e de uma nova política, que represente realmente os cidadãos europeus.
1 comentário:
Boa reflexión do acontecido e tamén do que pode acontecer pero que depende do roular do pobo no enfrontamento con os baluartes do capital europeo e mundial que ten os gobernos amarrado no capital que é do pobo, que foi e é xenerado coa plus-valia ao traveso do tempo coa sua suor e sangue, parabéns meu amigo.
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