O governo de António Costa, com o apoio do PCP e do Bloco de
Esquerda é algo de inédito na política portuguesa. O resultado pelo menos a
nível económico tem sido bom. Mas isso, por agora, não tem sido suficiente para
reverter o que quatro anos de um governo de destruição nacional fizeram aos
portugueses. A reversão das medidas do anterior governo, principalmente “o
colossal aumento de impostos” ainda está longe de ser revertido. Espera-se pelo
próximo Orçamento de Estado, que para já promete aliviar a carga fiscal de 1,6
milhões de famílias em 5 milhões. É pouco.
O desemprego desceu, é certo. E a confirmá-lo basta ver os
anúncios de emprego (do Jornal de Notícias ao Linked In), mas trata-se de um
novo tipo de emprego, criado com a crise, baseado na precaridade, nuns dias à
experiência, num trabalho por vezes escravo, principalmente para pessoas com
mais de 40 anos e já há alguns anos sem trabalho. O pior de tudo isto são os
quase meio milhão de pessoas que não têm qualquer rendimento, ou mesmo os que
têm 200 euros de RSI – uma miséria, uma indignidade do Estado para com estas
pessoas.
Tudo isto, e muito mais – como a renegociação da dívida que o
PCP e o BE tanto apregoavam quando estavam na oposição –, ficou silenciado face
à “real politique” de um governo PS apoiado pelos restantes partidos de
esquerda com representação parlamentar.
O problema surge aqui: BE e PCP estão reféns da geringonça,
fazem quase parte do governo. E perante isto impõem-se uma pergunta: onde está
a oposição de esquerda a este governo de esquerda? BE e PCP fazem uma oposição
negocial, é uma oposição muito limitada. O problema surge quando fora do quadro
parlamentar os pequenos partidos só existem quando há eleições legislativas.
Assim, não é possível uma crítica da esquerda a esta esquerda, e essa crítica
faz falta.
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