domingo, julho 31, 2022

DA ARTE BANCÁRIA DE BEM FURTAR



Há oito anos o grande império financeiro português, liderado por Ricardo Salgado - o dono disto tudo falia. Na altura, governo de traição nacional de Passos Coelho encontrou como solução partir o banco em dois. Os "activos tóxicos" ficaram com o BES, o banco mau; e os activos bons ficaram num novo banco, que na falta de outro nome se ficou a chamar mesmo assim, Novo Banco. O Novo Banco era o banco bom, como numa história infantil que o governo de então tentava impingir aos portugueses, crianças grandes passeando no verão com calções infantis, acreditando nas histórias da carochinha contadas pela televisão depois de mais um dia de trabalho na espera pelo fim de semana. Afinal é isto o mundo ocidental das democracias representativas capitalistas, de um capitalismo cada vez mais feroz e incorpóreo, onde quem realmente manda são as grandes empresas. E os bancos.

Os bancos são organizações criminosas beatificadas pela lei da república ( ou da monarquia constitucional nos estados monárquicos, como Espanha ou Inglaterra). O seu desplante ultrapassa tudo: comissões bancárias, domiciliação de ordenados, concessão de crédito que torna as pessoas escravas do banco durante 30 ou 40 anos, metade da vida. E se os pagamentos dos juros usurários falha, o banco fica com o imóvel e manda os seus escravos para a rua fazer companhia aos sem-abrigo. Desta ignomínia o Estado não quer saber, apenas preocupa o ministro das Finanças o risco sistémico. E seja o governo de centro esquerda ou centro direita ou mesmo de direita, o que interessa são os bons resultados dos bancos, o crescimento da economia que está a provocar a destruição do planeta. Afinal políticos, empresários e bancários têm ar condicionado, e água Evian para lavar as trombas e dinheiro sujo na máquina de lavar mágica de qualquer ilha Caimão. O povo adoça-se com aumentos da reforma ou do pobre salário mínimo nas vésperas das eleições.


Os últimos governos de Portugal (PSD/CDS de Passos Coelho e PS com o apoio da geringonça de esquerda - BE e PCP) deram mais de 20 mil milhões de Euros ao sistema bancário. Foi dinheiro literalmente roubado aos contribuintes. Desses 20 biliões, pelo menos 5 foram para o Novo Banco, o tal banco bom santificado pelo Estado. É certo que o Ministério público vem perseguindo alguns bancários, o que resultou no suicídio de um numa prisão sul africana. Mas Ricardo Salgado, convenientemente já tem Alzheimer. Mas António Ramalho, CEO do NB desde 2016, e portanto o português que mais e melhor furtou o Estado português, enfim um Ronaldo do roubo do colarinho imaculadamente branco (à atenção do Guiness book, não só o CR7 bate recordes em Portugal), vai abandonar o Novo Banco e estudar para terras suíças como ser presidente não executivo, ou seja, presumo, como não fazer nada. Genial Ramalho, que escapa pelos pingos da chuva a um estabelecimento prisional.

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